sábado, março 20, 2010

A ASCENSÃO ECONÔMICA E POLÍTICA DOS NEGROS E DOS POBRES.

*Professor Paulo Jorge dos Santos
De acordo com a história, o Brasil já foi oficialmente racista. E, mesmo depois da Abolição, muitas teses pseudocientíficas quiseram sustentar a superioridade dos brancos. Duraram, em circuito comercial, até os anos 30. Tinham por base literatura social e idéias políticas européias. Com a derrota do nazi-fascismo, contudo, tiveram que circular só à boca pequena, embora até hoje elas existam, mas ninguém tem voragem de falar sobre por causa das vitórias do movimento social negro em relação ao racismo explicito. Hoje ele existe é e fortemente defendido pela hipocrisia da sociedade, que o faz covardemente velado.
Na América do Sul, esse tema é importante no Brasil e na Argentina, nos quais o afluxo de europeus no final do século XIX foi intenso. A própria questão da modernização teve componentes raciais. Na Argentina, defendia-se o branqueamento pela imposição do europeu sobre os mestiços nativos – e isso coincidia com o poder central de Buenos Aires contra os caudilhos dos pampas. Raça, idéias, institucionalização, riqueza: o alinhamento era explicitamente defendido pelos principais intelectuais.
No Brasil, a tese do branqueamento modernizador teve menos defensores – e com peso intelectual menor. Mas eles não o fizeram menos explicitamente; e tiveram influência tanto em governos quanto em partidos e movimentos.
Tais formulações abrigavam outro preconceito: contra os pobres. Você está horrorizado de imaginar que isso existe no Brasil. Você não vê diferença entre raças e classes sociais. Nem seus amigos. Ninguém que você conheça. Mas é verdade. Falam-se cruamente contra pardos, pretos e pobres. A aversão à pele está ligada à aversão à renda, aos modos, às roupas, ao aspecto físico. Regras sociais separam os ambientes. Preços, etiquetas e arquiteturas isolam as classes. Brancos e ricos com seus espelhos reluzentes. Pobres e negros com seus antolhos opacos.
A exploração econômica, a dominação social e o poder político têm tudo a ver com isso, conforme se lia nos bê-á-bás considerados subversivos de então. Não se espante. O movimento negro quis mudar nosso belo quadro social. E por isso muitos foram parar na Central, no hospital ou no xadrez e nunca mais foi encontrada.
Mas Inês é morta. Você acha que não vale a pena revirar o passado. Você fala sobre a miscigenação brasileira, a convivência entre ricos e pobres e até sobre o fato de que nem há tantos pobres assim. Enxugando os lábios com as costas da mão, chega perto e sussurra: tem muito é vagabundo! Mas que ninguém o ouça, não é mesmo?
Como uma branco dizia, já fomos abertamente racistas e preconceituosos. Houve miscigenação, ascensão social, certa mistura de modos e padrões, mas só até o ponto em que a dominação, a exploração e o poder não fossem incomodados. Muitos brancos e ricos defendiam isso em voz alta. Hoje, quando, felizmente, aquelas são posturas proibidas e execradas; quando as classes baixas vêem sua parca renda crescer um pouco e freqüentam shoppings, restaurantes e shows sem muitos constrangimentos; quando muitos de nós, os negros e pobres podemos cursar faculdades duvidosas (como os produtos dos shoppings, restaurantes e shows); quando vemos nosso irmãos nas ruas, com suas roupas, seus modos, sua aparência, seus carros baratos, sua sem-cerimônia – pois bem, os brancos e ricos ficam intimidados, olham-se em frente às lojas procurando uma auto-imagem reluzente, sussurram que o ambiente decaiu, abanam – se ninguém estiver olhando – a mão na frente do nariz, e defendem, à boca pequena, maior separação, maior demarcação.
Econômica e politicamente, a ascensão dos negros e pobres tem relação com a reeleição e a popularidade crescente de Lula. Os brancos e ricos que não aceitam isso; que não vêem em Lula refletida a sua imagem; que não suportam sua aparência, sua história, sua fala; que não concordam com essa invasão de ambientes e arquiteturas sem respeito aos preços e às etiquetas, procuram meios de criar maior demarcação. Vão para outros bairros; para o exterior; escrevem revistas e blogs como que abanando o nariz e sussurrando contra a “vagabundagem” do Bolsa-Família e o acinte dos aumentos salariais. Alguns até relêem os abecedários que consideram subversivos, para lembrar como é que era essa história de ameaçar o poder, a dominação e a exploração.
Você não. Você sempre foi a favor dos pardos, pobres e pretos. Tem até amigos pobres, pardos e pretos. Você não. Tem tudo isso desde que, não queiram nunca namorar com sua filha ou filho, jamais queria candidatar-se a um cargo político e que sempre esteja disposto a te apoiar em nome de uma leizinha sem importância ou mesmo um apoiozinho que possa te garantir apoio dessa gente que é preta e pobre, mais é a maioria, nas favelas, na pobreza e, sobretudo, nas urnas. E por isso eles sofrem para garantir a faculdade federal de seu filho, sua passagem internacional sem ônus e toda a mordomia que seu cargo e sua situação social permite.
Por isso estamos fazendo uma campanha... E em 2010 não vote em corrente ou em partido somente, mas vote em candidatos negros e comprometidos com a nossa causa para que deixemos de ser ratos de laboratório dessa sociedade que somente nos usa para enfeitar campanhas políticas e buscar o voto onde eles tem nojo de ir.
Precisamos mudar a correlação de força nas casas legislativas para aprovar o estatuto da igualdade racial, alem de outras tantas agendas de interesse de nosso povo, tais como; - Avaliação do Plano de Ação de Durbham; - A PL 4887 – Titulação e demarcação de Terras Quilombolas; - A Lei 10639 – Historia do nosso povo e a sua importante participação na construção da sociedade braseira; - As Cotas Raciais – acesso e democratização com qualificação do ensino público superior dos pais. - A Política Nacional de Atenção a População negra; garantia do tratamento das nossas especificidades; - a relação internacional Brasil África; - Criação de vários mecanismos municipais de Políticas de Promoção da Igualdade Racial através das prefeituras do interior, inclusive com administração petista; Todo isso precisa ser prioridade de luta dos nossos representantes, que não são esses. Você sonha ou acredita que os que ai estão o farão? Esse congresso racista patrocinado por grandes empreiteiras, madeireiras, empresas de transporte, capital financeiro, ruralistas e grileiros que ai está?De jeito nenhum. Podem tirar o cavalinho da chuva ,como dizia minha avó.precisamos colocar gente nossa nas Assembléias Legislativas e no congresso nacional para que o senador Paulo Pain não seja somente um don Quixote utópico que apanha de todos os lados por defender a causa dos pobres e negros e que não tenhamos que ficar sempre batendo palmas para deputados oportunistas que usam de nossa mobilização para aparecer.
Professor Paulo Jorge dos Santos Jornalista Diplomado, Grafólogo, Professor e Ambientalista, Pós Graduado em Administração legislativa Pela UNISUL, Membro do Coletivo Estadual e Nacional de meio Ambiente do PT, Fórum Mineiro de Agenda 21, Membro da Coordenação Estadual de Combate ao Racismo do PTMG, Coordenador Regional Metropolitano de Combate Ao Racismo da RMBH do PTMG. Membro dos Comitês de Bacias do dos Rios Pará E São Francisco. Palestrante Em Faculdades E Órgãos Públicos Com Ações E Consultorias Em Direitos Humanos Étnicos E Ambientais.E-mails. profpjds@yahoo.com.br e profpjds@hotmail.com
Site www.professorpaulobh.hpg.com.br
Fone 3199967257
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