quarta-feira, abril 25, 2012

A imprensa racista e retrógrada e suas relãções perigosas

No dia em que o STF (Supremo Tribunal Federal) começa a julgar ação movida pelo DEMos contra mais negros nas Universidades, através de cotas, o jornalão "O Globo" faz editorial do tempo da casa grande baixando o sarrafo na senzala. O racismo enrustido do jornalão fica explícito no título: "O sistema de cotas e a proteção enganosa". Ora, tenha a santa paciência! Cotas raciais nunca foi "proteção". Quem precisa de proteção é criança, como no estatuto da criança e do adolescente. Cotas é para acelerar a correção de injustiças vindas da segregação social passada de geração para geração desde os tempos da casa grande e senzala. Política de cotas é uma força tarefa temporária, da nação, até que as injustiças desapareçam, e as cotas se extinguam ao perderem o sentido de existir. A função das cotas é tornar toda a pirâmide social acinzentada, em vez do topo ser branco e a base ser preta. Quantas vezes vamos a um médico e somos atendidos por um negro? São poucas. O número de médicos negros é muito inferior à proporção da população negra. Será que é normal um Brasil onde só há um negro entre os 11 ministros do STF? Talvez o primeiro da história. Numa reunião de empresários, quantos negros estão presentes? Quantos barões da mídia negros existem no Brasil? Quantos negros tem na diretoria das Organizações Globo? Quantos apresentadores negros tem a Globo? Vamos ver: Faustão não é, nem Jô Soares, Xuxa, Luciano Huck, Pedro Bial, Zeca Camargo, Galvão Bueno ... me ajudem a achar um gente... Ah, tinha a Glória Maria, que não é mais. Nos telejornais tem o Heraldo Pereira. Mas é muito pouco. Quantas vezes um recrutador de uma empresa, ao entrevistar candidatos a gerente de vendas, receia contratar um negro, mesmo que mais qualificado, até recorrendo à lógica racista "dos outros", se justificando: "Eu não sou racista, mas como vou saber se os clientes que ele vai atender, não é? Pelo sim, pelo não, acho mais seguro contratar um branco". Tudo isso acontece porque negros com acesso ao curso superior foram minoria esmagadora em relação à brancos. E as raízes do problema é facilmente explicada num país capitalista como o Brasil. Foi construído por oligarquias cuja herança das riquezas e do que há de melhor, inclusive em educação, sempre esteve nas mãos dos descendentes de europeus brancos, passando de geração a geração. Se uma das regras para subir na vida no Brasil é através do curso superior, o mínimo que se pode fazer é uma política pública para inserir nas universidade um número de negros mais próximo à proporção que representam na população. Daí a razão de reservar uma quantidade de vagas específica para a população negra pobre nas universidades. Enquanto o Brasil todo não se acostumar a ver com naturalidade negros tão presentes quanto os brancos em cargos de chefia e em altas posições da sociedade, as cotas se justificam. É para acabar de vez com esse resquício racista que existe na segregação da pirâmide social, que são necessárias as cotas. Inclusive não são exclusivas para afro-descendentes, existem também para índios. Cuidado com a manipulação de informações e lutas inglórias Os do contra falam que seria injusto o filho de alguém como o Pelé ter direito a cotas. É contra-informação vagabunda. Cotas raciais devem existir dentro das cotas sociais. Obviamente que devem ser para negros que não são filhos de ricos, e sim para estudantes de menor renda que estudaram o ensino médio em escola pública. Quem já está no topo da pirâmide social faz parte de uma minoria que venceu as adversidades, tem acesso às melhores escolas privadas desde à creche e, independente de etnia, não devem ter direito a cotas. Cotas não eliminam a meritocracia. Os cotistas também disputam vagas entre si por concurso e passam os melhores alunos. É como se os cotistas se inscrevessem num vestibular (ou no ENEM) e os não cotistas em outro. Dizer que a solução definitiva é a melhoria do ensino fundamental e médio na escola pública é óbvio e ululante, mas todo mundo sabe que isso leva tempo, por maior que sejam os esforços de um governo popular, combatido por uma elite perversa que luta incansavelmente para tirar casquinha nos impostos que sustentam a educação e a saúde pública. Diante disso, nada justifica fazer a população mais pobre (em grande parte afro-descendente), ter que esperar mais do que já esperou para ter o mesmo lugar na sociedade que qualquer outro brasileiro mais rico tem direito. Enquanto melhora o ensino de base, corrige-se as distorções sociais com as cotas. Uma coisa não é conflitante com a outra, pelo contrário, é complementar. Não há como tapar o sol com a peneira, querendo esconder o racismo escancarado na pirâmide social brasileira. Se há uma clara divisão racial estampada na pirâmide social, não há como contestar as cotas como corretivo. Não devemos aceitar a provocação e incitação de que as cotas raciais tiram vagas de estudantes brancos, inclusive os pobres. Como já foi dito, devem existir também cotas sociais, independente de etnia, enquanto forem necessárias, mas o mais importante é que a boa luta política deve ser canalizada por mais vagas no ensino superior que atenderá a todos os brasileiros, de qualquer etnia, e não ficar brigando pela continuidade de um ensino superior restrito e elitista onde quase não se via negros. Chega de aceitar viver num país desigual e injusto, chega da separação entre casa grande e senzala.

Depois que as máscaras do DEM e do Demostesnes cairam, STF retoma julgamento sobre cotas raciais nas universidades

O Supremo Tribunal Federal (STF) retomou nesta quarta-feira (25) o julgamento sobre a constitucionalidade da reserva de vagas em universidades públicas com base no sistema de cotas raciais da Universidade de Brasília (UnB). O ministro Ricardo Lewandowski, relator da ação, leu o relatório sobre o caso. Segundo a ação, ajuizada pelo DEM em 2009, com o sistema estão send
o violados diversos preceitos fundamentais fixados pela Constituição de 1988, como a dignidade da pessoa humana, o preconceito de cor e a discriminação, afetando o próprio combate ao racismo. Neste momento, a advogada voluntária do DEM, Roberta Kaufmann, faz a defesa da ação. Após a defesa, participarão do julgamento, na condição de amigos da Corte (amici curiae), a Defensoria Pública da União, a Fundação Nacional do Índio (Funai), o Instituto de Advocacia Racial e Ambiental (Iara), o Movimento Pardo-Mestiço Brasileiro (MPMB), a Fundação Cultural Palmares, o Movimento Negro Unificado (MNU) e a Educação e Cidadania de Afrodescentes e Carentes (Educafro). A UnB foi a primeira universidade federal a instituir o sistema de cotas, em junho de 2004. Atos administrativos e normativos determinaram a reserva de cotas de 20% do total das vagas oferecidas pela instituição a candidatos negros – entre pretos e pardos. Esse é o primeiro julgamento em plenário da gestão do ministro Ayres Britto, que tomou posse na presidência do STF na última quinta-feira (19). Além do sistema de cotas, o Programa Universidade para Todos (Prouni), alvo de ação direta de inconstitucionalidade (Adin) apresentada pelo DEM, e o recurso de um estudante do Rio Grande do Sul que se sentiu prejudicado pelo sistema de cotas de seu estado estão na pauta do STF.

quarta-feira, abril 11, 2012

Segundo a BBC, Faixa que engloba oito países vira de foco de crise de fome na África

Uma faixa de território conhecida como Sahel, que se estende por quase uma dezena de países abaixo do deserto do Saara, se tornou foco potencial de uma das mais graves crises de fome da atualidade, segundo a ONU, com o agravante de instabilidade política na região.

O Sahel, que vai do oeste ao leste da África, passando por partes de países como Mali, Senegal, Níger, Chade, Mauritânia, Burkina Fasso, Gâmbia e Camarões

, está vivendo os efeitos de uma temporada de chuvas especialmente fraca e irregular, que atrapalhou as colheitas e a alimentação do gado e fez subir o preço dos alimentos, informou o Programa Mundial de Alimentos (WFP), da ONU.

'Isso é uma receita para o desastre numa parte do mundo em que a maioria das pessoas vive do que consegue plantar', disse o WFP, estimando que até 15 milhões de pessoas (a soma das populações das cidades de São Paulo, Recife e Brasília, segundo números do IBGE) possam ser afetadas pela falta aguda de alimentos.

'Em uma região onde a taxa média de crianças com desnutrição aguda normalmente fica perto do limite de alerta de 10%, qualquer fator que reduza ainda mais o acesso aos alimentos pode gerar uma crise de grandes proporções', informou comunicado da ONG Médicos Sem Fronteiras.

Tensões políticas

As secas na região têm piorado recentemente, por conta das mudanças climáticas, diz a ONU. A situação é agravada por altas nos preços dos combustíveis e pelas tensões políticas em países como Líbia (cujo conflito provocou efeitos em toda a região), pelo recente golpe de Estado no Mali, pela ação de rebeldes no Níger e de radicais islâmicos na Nigéria.

Essas tensões causam instabilidade, alteram fluxos migratórios e prejudicam a distribuição de alimentos em áreas afetadas por conflitos.

O principal foco de tensão é o Mali, onde, após o golpe, o presidente Amadou Toumani Touré renunciou formalmente e a junta militar em controle prometeu a transição para um governo civil. Mas o norte do país está parcialmente dominado por rebeldes da etnia tuaregue, que declararam a criação de uma região autônoma. Há relatos, citados pela agência France Presse, de que os rebeldes tenham imposto a lei islâmica (sharia) em algumas áreas e que começam a se relacionar com o braço da Al-Qaeda no norte da África.

Segundo Stéphane Doyon, coordenador da campanha de desnutrição da ONG Médicos Sem Fronteiras, a situação política dificulta o trabalho humanitário. 'A maior preocupação é com o Mali. No Níger, não temos problemas de acesso, mas a segurança está reforçada. (As tensões) podem dificultar o acesso à população (desnutrida)', declarou à BBC Brasil.

A crise atual não é inédita na região, mas, segundo o Programa de Alimentos da ONU, tem potencial para ser mais grave.



BBC Brasil

"Colheitas no Sahel foram menores por causa da seca"
'Enquanto as secas de 2005 e 2010 foram sentidas principalmente no Níger e no Chade, a crise da fome neste ano está se espalhando por toda a região, do Chade (no centro da África) até o oceano Atlântico, afetando oito países', disse à BBC Brasil Malek Triki, porta-voz do WFP no oeste da África.

'Pior está por vir'

Para Stéphane Doyon, do MSF, 'é muito cedo para saber a extensão da crise. O período de maior dificuldade, tradicionalmente entre maio e junho, ainda está por vir'.

'No entanto, nós já prevemos que centenas de milhares de crianças irão sofrer de desnutrição aguda severa, como sempre acontece nessa região esta época do ano', disse ele, no comunicado da MSF.

A ONG relata ter ampliado sua atuação na região.

E o Programa Mundial de Alimentos informou estar comprando comida de países vizinhos ao Sahel para fornecer aos famintos e faz campanha por mais fundos.

Questionado a respeito das semelhanças entre a situação no Sahel e a no Chifre da África (Somália e Eritreia), Triki, do WFP, disse que 'as causas estruturais das crises de alimentação são as mesmas: os efeitos devastadores das mudanças climáticas e a crescente incidência de secas, que significam que a população mal tem tempo de se recuperar de uma crise e começar a reconstruir suas reservas de comida e gado'.

'E, entre as causas humanas, temos a forte dependência da chuva na agricultura e a falta de investimentos no plantio e no desenvolvimento', agregou.