sexta-feira, fevereiro 12, 2010

Mesmo que seja tarde



*Paulo Jorge dos Santos
Li na internet que os parlamentares norte americanos pediram na noite de terça-feira, pela primeira vez em sua história, desculpas em nome do governo federal pela "fundamental injustiça, crueldade, brutalidade e desumanidade" da escravidão e segregação racial em relação aos negros americanos.
O texto, adotado pela Câmara de Representantes, "apresenta desculpas aos negros americanos em nome do povo dos Estados Unidos pelo mal que lhes foi infligido" sob as leis de segregação conhecidas como "Leis Jim Crow" e "por seus ancestrais que sofreram a escravidão".
Os parlamentares também indicaram que se comprometem em agir para corrigir "as conseqüências persistentes" da escravidão e segregação.
O democrata Steve Cohen, autor do texto, comemorou sua aprovação. "É um momento histórico na luta pelos direitos civis neste país e espero que esta norma possa servir para iniciar o diálogo sobre as questões raciais e a igualdade para todos", indicou em um comunicado.
"As desculpas não são gestos vãos e sim uma primeira etapa necessária para toda a reconciliação entre os povos", disse Cohen, representante do Tennessee.
A escravidão foi abolida oficialmente nos Estados Unidos em 1865. O ex-presidente Bill Clinton chegou a expressar que lamentava o papel dos Estados Unidos no tratamento dos escravos e o atual presidente George W. Bush classificou a escravidão como "um dos maiores crimes da história", mas até agora não havia sido registrado um arrependimento oficial.
As "Leis Jim Crow" foram formalmente abolidas em 1964 pela lei sobre os direitos civis, a chamada "Civil Rights Act", que proíbe qualquer forma de discriminação em lugares públicos.
Isso já é um grande começo, pois nós aqui do terceiro mundo costuma nos copiar as coisas vindas la do Tio Sam. Porque não copiar um gesto, tardio, mas politicamente interessante? Um dia o senador Cristovam Buarque fez um discurso memorável pela passagem do dia 13 de maio La no congresso federal, foi algo muito interessante digno de um parlamentar comprometido com a educação tal como é o senador.
Só que, depois disso nada tem sido feito pelos negros brasileiros alem das coisas que já acostumamos ver. Segregação e maus tratos
. li com muita alegria a noticia dos norte americanos, mas espero muito mais que um simples gesto dessa humanidade corrupta e despolitizada.

Não me leve a mal, isso é carnaval


Hoje, andando pela praça de Santa tereza,a noitinha, na cidade de mais Belo Horizonte, fui atraido pelo ensaio de um bloco caricato ,onde umas crianças tocavam, juntamente com adultos, em uma grande bateria caranavalesca. Ai pude ver que o Brasil respira carnaval. O Brasil é carnaval. Nós, os Brasileiros, temos a honra e o poder de sermos donos de uma das festas mais lindas do mundo. Mas, quem nasceu primeiro, o Brasil ou o sentimento carnavalesco de seu povo? Uma pergunta que, em verdade, não faz a menor diferença diante de grande e insofismável realidade.
Entre nossos valores mais caros, lá, enraizado entre a fé em Deus, o patriotismo exacerbado, o apego à família, a paixão pelo futebol arte, o gosto pela culinária nativa, está o espírito carnavalesco. Não adianta: se alguém lhe disser que não gosta de carnaval, não acredite totalmente. Alguma marchinha ele conhece. Ou sabe algum verso daquele samba-enredo que marcou uma geração. Ou cantarola “quanto-riso-ó-quanta-alegria-mais-de-mil-palhaços-no-salão-Arlecrim-está-chorando-pelo-amor-da Colombina-no-meio-da-multidão…Morena diga ondé que tu tava, ondé que tu tava ,ondé que tav tu...passei a noite proucurando tù”. Quem não gosta de samba, bom sujeito não é. Definitivamente. O samba nasceu na senzala, conquistou as quadras das escolas de samba, as avenidas, o Brasil e o mundo.
Não há quem não acompanhe, extasiado, o desfile das escolas de samba na Marquês de Sapucaí ou não veja a alegria contagiante dos baianos indo atrás do trio elétrico, pois só não vai quem já morreu…
Não há uma única cidade neste Brasil continental e tão diverso, de tantos sotaques e de tanta pluralidade cultural, em que não haja uma manifestação carnavalesca, por menor que seja, uma apenas e tão somente, que simbolize a alegria do carnaval. Está na formação e no espírito da raça, está no calendário cultural e turístico, mas também está na alma.
Mas aind ahoje , de tarde tive que oparar o carropr aum grupo de estudantes de umaseascolainfantil acompnhado de suas peofessoras , desfilando pels ruas apertadas da pacata cidade mineira d econselheiro Lafaete.
Republicanos até a medula, reverenciamos com respeito e alegria o Império de Momo e caímos na folia durante os dias de descontração, alegria, música e dança. É, apenas e simplesmente, a maior festa popular do mundo. Vemos no ronca-ronca da cuíca, gente pobre e gente rica, deputado e senador, madame e cabrocha, o alegre mais alegre, o triste em estado irreconhecível, se rendendo ao instante mágico em que o Brasil festeja sua diversidade racial, seus sons e cores, suas crenças e afetos, em que festejamos a imensa dádiva de termos nascido na grande nação onde o carnaval não é festa pagã coisa nenhuma: é síntese do Brasil alegria.
Dos cordões ingênuos que animavam os carnavais do Rio de Janeiro, capital da Colônia lusitana, ao entrudo embalado pelas marchinhas irônicas ou aos modernosos abre-alas de Chiquinha Gonzaga, mulher avançada e compositora de enorme talento, o carnaval tem sido um apurado retrato da evolução de nosso País. Ele entrou o século XX com os corsos, desfiles de automóveis, onde as nascentes burguesias urbanas carioca e paulistana, motorizadas, percorriam as ruas arborizadas das duas maiores cidades de um Brasil ainda pasmacento e sem criminalidade, e entre marchinhas, lança-perfumes, serpentinas, confetes e máscaras, davam início as festividades.
Da década de 40 para cá, o carnaval tomou outra importância, tornando-se quase uma “commoditie” para a economia nacional. O carnaval “vende” a imagem do Brasil no exterior, atrai turistas e investimentos, capta divisas, movimenta a indústria do turismo (hotéis, restaurantes, locadoras, bares, agências de viagens, operadoras, empresas aéreas).
Numa simbiose fantástica, a alegria de nosso povo mais humilde, o talento de nossos compositores dos morros cariocas, a empolgação das escolas de samba, os milhões de decibéis dos trios elétricos, criadospor Dodô e Osmar e imortalizados pelo gênio de Gilberto Gil no “Expresso 2222”, os requebros e a graça de nossas lindas mulatas, as multidões arrastadas pela tradição do Galo da Madrugada nas ruas do Recife e nas seculares vielas de Olinda a gigantesca figura do Homem da Meia-noite, a dignidade dos Mestre-salas e a imponência majestosa das Porta-bandeiras, rainhas das avenidas e soberanas do desfile que eletrizam o mundo e explodem em luz, cor e som nas telas de TV, nos trazem alegria e movimentam uma bilionária indústria sem chaminés, não poluente, sustentável, do bem, absolutamente da paz, fundamental para nosso desenvolvimento econômico e para a preservação de nossa cultura.
Essa formidável indústria que gera alegria e empregos, descontração e divisas, trará quase 2 milhões de turistas estrangeiros ao Brasil no carnaval de 2010. No Rio de Janeiro, eles chegarão ao 700 mil e deixarão cerca de R$ 700 milhões. No carnaval da Bahia, passam de 500 mil e as cifras alcançam os R$ 700 milhões. Mesmo São Paulo, que num momento de rara infelicidade foi qualificado como o “túmulo do samba” e hoje tem um dos melhores carnavais do País com escolas de samba de altíssimo nível, 30 mil turistas gastarão R$ 50 milhões.
Na festa onde a igualdade e a fraternidade dão o tom com a mesma competência com que o lendário mestre André comandava a bateria da Unidos de Padre Miguel, relembremos os blocos de sujos, o Cordão da Bola Preta, a imorredoura criação de Jorge Amado na imagem de Vadinho, folião travestido morrendo num domingo de carnaval nos braços de sua amada dona Flor, as comissões de frente de outrora com Pixinguinha, Monarco, Cartola, Braguinha, um tempo que, infelizmente, não voltará jamais.
Deus os acompanhe nessa folia porque vou à Cambuquira escrever um romance nesse período festivo.

quarta-feira, fevereiro 10, 2010

África, a maior vítima do aquecimento global


A elevação do nível do mar, as secas e as enchentes provocadas pelas mudanças climáticas na África obrigarão o deslocamento de 150 milhões de pessoas até 2050, o que resultará no aumento de guerras e conflitos. Com o aquecimento global, o mundo terá que enfrentar, cada vez mais, grandes desafios humanitários
Todas as noites, de segunda a sábado, o meteorologista Solomon Yohannes apresenta a previsão do tempo no horário nobre da televisão nacional da Etiópia, um dos países mais pobres da África. A audiência é alta, porque o interesse pelo clima está aumentando. Grandes enchentes, como a que assolou o país em 2006, foram previstas pelo apresentador. Ele passou a alertar sobre riscos - algo mais que a temperatura máxima ou mínima ou a chegada de dias chuvosos ou ensolarados. “Fui chamado de mentiroso e questionado por setores do governo que não queriam tomar providências contra catástrofes”, conta Yohannes, certo de que tem pela frente um desafio difícil: “com o aquecimento global e as alterações na temperatura do Atlântico e Pacífico, o clima na África começa a mudar e a população e produtores rurais precisam estar informados sobre os efeitos”. Na Etiópia, com o fim da estação chuvosa por conta das mudanças climáticas, a seca e a escassez de alimentos atingem várias partes do país, afetando 25 milhões dos 75 milhões de etíopes. Só 1% dos cultivos são irrigados. Além do prejuízo econômico, uma vez que a agricultura corresponde a mais da metade da economia e absorve 80% da força de trabalho, o impacto social é grave. Aproximadamente 100 mil crianças sofrem de desnutrição aguda e 20 mil morrem por ano em consequência de diarréia. A má nutrição é problema para quase metade da população. “A luta contra o aquecimento impõe um novo conceito de justiça”, argumenta Walter Fust, diretor do Global Humanitarian Forum (GHF). Ele lamenta: “Até agora, os esforços contra as emissões de carbono não fizeram nada para reduzir a pobreza no mundo”. Os países mais pobres são os menos responsáveis pelos gases do aquecimento global. Mas são os mais vulneráveis aos seus impactos. Na África, estão 15 dos 20 países sob maior risco no mundo. Eles emitem menos que 0,7% do total de carbono lançado na atmosfera do planeta. “Em todos os continentes, as 50 nações menos desenvolvidas representam apenas 1% das emissões e se também os ricos poluíssem tão pouco não haveria mudança climática”, afirma o relatório “A Anatomia de uma Crise Silenciosa”, publicado pelo GHF. O estudo aponta que, hoje, mais de 500 milhões de habitantes estão em situação de risco extremo como resultado do aquecimento global. Seis entre dez pessoas estão vulneráveis a desastres ambientais e impactos socioeconômicos, principalmente nas regiões semi-áridas entre o Deserto do Saara e o Oriente Médio e Ásia Central, bem como nas bacias hidrográficas da África subsaariana, Sul da Ásia e pequenos países-ilha, ameaçados pelo avanço do mar. “É preciso senso de urgência, pois os modelos recentes de previsão climática consideram que os efeitos do aquecimento são mais rápidos e agressivos do que se imaginava”, adverte o relatório. Estima-se que a mudança no clima esteja relacionada a 315 mil mortes por ano -- número superior ao de vítimas fatais no tsunami do ano passado no Oceano Índico. No continente africano, a alteração das chuvas está levando o mosquito transmissor da malária para lugares antes imunes à doença. Além disso, segundo o relatório, o aquecimento é responsável por aumentar em 50 milhões o número de pessoas em situação de fome, além de colocar mais 10 milhões em extrema miséria. Até 2030, o número de famintos deverá crescer dois terços, colocando em risco os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio para reduzir a fome e a pobreza até 2015.

terça-feira, fevereiro 02, 2010

Utopia - Desigualdade entre negros e brancos acabaria em 30 anos

No ano de 2008, quando se completou 120 anos da abolição oficial da escravidão, governo Lula lançou mais um plano paliativo para os negros. Quase dois anos após nada foi feito concretamente
Divulgada no dia em que se completou 120 anos da abolição da escravidão, no dia 13 de maio de 2008, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) constatou que se os programas do governo de "transferência de renda" continuarem, a desigualdade econômica entre negros e brancos no Brasil poderá acabar nos próximos 32 anos.
Programas como o Bolsa Família, por exemplo, seriam capazes de extinguir nas próximas décadas o enorme abismo existente entre negros e brancos desde que os primeiros escravos chegaram por aqui. Quem acredita em conto de fadas pode parar por aqui.
Atualmente, segundo o próprio IPEA, a população negra no Brasil recebe uma renda média de 53% em relação à renda dos brancos. Estes recebem uma remuneração de, em média, R$ 1.087 ante aos R$ 578,24 recebida por negros.
Os negros continuam ocupando os postos de trabalho menos privilegiados e constituem a maioria do mercado informal. Ao menos 55% dos que trabalham sem carteira assinada são negros. Já em relação ao serviço doméstico, também são os negros - em sua grande maioria mulheres - que cobrem o mercado: 59,1%.
No campo, 60,3% dos trabalhadores são negros. E na construção civil correspondem a 57,9% da força de trabalho. São também os negros que representam a maioria da população que está abaixo da linha de pobreza.
Os brancos estão no topo da gerência e dominam os cargos executivos. No setor financeiro não há negros nas posições mais altas. Além disso, 71,7% dos empregadores são brancos e 57,2% dos brancos trabalham com carteira assinada.
No desemprego, são também os negros que são os mais afetados. São 4,5 milhões de desempregados, quase um milhão a mais que os brancos: 3,7 milhões.
Entre os negros que têm trabalho registrado, 60,4% ganham até um salário mínimo.
"A população branca ainda tem mais acesso às políticas públicas do governo do que os negros" confirma Mario Theodoro, diretor de Cooperação e Desenvolvimento do IPEA (Jornal do Brasil, 14/5/2008).
Se a pesquisa, no entanto, afirma que em três décadas os negros não estarão mais em posição desprivilegiada, quer dizer então que no setor da educação, por exemplo, não deverá mais existir o vestibular, o funil que exclui milhões de estudantes, principalmente proletários, e garante o lucro da indústria dos cursinhos. Afinal, mesmo que as cotas para negros se estendam para mais universidades, significaria reconhecer a desigualdade racial até o fim dos tempos.
Na verdade, à medida que a exploração aumenta e as condições de vida dos trabalhadores são paulatinamente rebaixadas, a desigualdade aumenta cada vez mais. Ainda mais se levarmos em consideração o fato de que hoje a população negra no Brasil é maior do que a branca.
Os programas do governo não devem ser considerados nem mesmo paliativas, pois além de não resolver as necessidades da população pobre, são programas que servem mais para o desvio de dinheiro público para políticos em todos os estados que mesmo para políticas verdadeiras de igualdade racial.
A desigualdade racial está ligada com o regime político burguês que perpetua as desigualdades sociais através da manutenção de inúmeros aspectos do regime pré-capitalista e da acentuação da exploração capitalista apoiada na expropriação da maioria em favor da minoria. Por isso sempre digo que só a mobilização independente dos trabalhadores, baseado num programa revolucionário, ou seja, socialista, garantirá de fato as necessidades de toda população pobre, incluindo os demais setores oprimidos da sociedade, como os negros, as mulheres e a juventude. Para isso, será necessário derrubar de alto a baixo o atual regime político, criando um novo estado, dirigido pelos Brasileiros verdadeiros, os pagantes de impostos, os trabalhadores, os geradores de renda e os que devem fiscalizar o poder e buscar alternativas eficazes de distribuição de renda eliminando esse abismo que existe entre ricos e pobres e brancos e negros.
Não adianta um governante sancionar leis criar decretos, fazer políticas públicas de interesse social s e os auxiliares diretos não colocam em prática e a sociedade nao entra com sua parcela de auxilio pra dar certo.