terça-feira, dezembro 23, 2014

A heroína do Fantástico e a Venina do Linkedin… Duas vidas diferentes?

O Brasil está mesmo virando uma fábrica de “santinhos”.
  • CConversa Afiada reproduz artigo de Fernando Brito, extraído do Tijolaço:



Mas posso, como qualquer jornalista deveria fazer, comparar o que ela disse na televisão com o que é, segundo ela própria, sua carreira na empresa.
Segundo a transcrição da entrevista feita pelo Diário do Centro do Mundo, ela diz que “eu trabalhei junto com Paulo Roberto, isso eu não posso negar. Na diretoria de abastecimento, a partir de 2005″.
Não é verdade, segundo a própria Venina informa em seu currículo no Linkedin.
Lá, consta que ela era – o texto eu cito em inglês, como está escrito – “Manager, Implementation of Integrated Management Systems at Natural Gas Logistics Supervision Centre. De “May 2002 – May 2004 (2 years 1 month)“.
Ora, de 2001 a 2003, Paulo Roberto Costa era responsável pela Gerência Geral de Logística da Unidade de Negócios Gás Natural da Petrobras…
Depois, segundo a própria Venina, EM SEU LINKEDIN, foi ser “Assistant Manager to the Downstream Director’s Office” (diretor de abastecimento), em maio de  2004.
Paulo Roberto Costa assumiu a diretoria de abastecimento em… 14 de maio de 2004.
Não seria justo inferir ligações anteriores, mas é a própria Venina quem documenta que não foi “na diretoria de Abastecimento, a partir de 2005″, mas que durante ao menos sete anos era auxiliar de confiança de Paulo Roberto Costa.
Mais adiante, Venina diz:
“A opção que eles fizeram em 2009 foi realmente me mandar para o lugar mais longe possível, isso está entre aspas, onde eu tivesse o menor contato possível. Com a empresa, aparentemente eu estaria ganhando um prêmio indo para Cingapura, mas o que aconteceu foi que realmente quando eu cheguei lá me foi dito que eu não poderia trabalhar, que eu não poderia ter contato com o negócio, era para eu procurar um curso”.
Quando PRC cai, Venina não é perseguida, mas promovida.
Passa a diretora-gerente (“Managing Director, Petrobras Singapore Private Limited”).
E, segundo ela própria, com amplos poderes pois assim ela define suas funções, desde então:
“Responsável por conduzir o aumento das receitas junto com as margens de lucro e ser responsável por todos os contratos, a evolução dos negócios, as principais partes interessadas e clientes. – Reestruturação de toda a unidade, que resultou em significativa redução de custos e aumentando o lucro líquido três vezes nos primeiros seis meses de nomeação. – Liderou s Petrobras Singapore (PSPL) para atingir um lucro líquido recorde de US 59,5 milhões  em 2012 de US $ 18 milhões em 2011, e, posteriormente, outro avanço no lucro líquido, de US $ 184 milhões em 2013″
O marido de Venina, Mauricio Luz, TAMBÉM SEGUNDO O SEU LINKEDIN, “had been lived in Singapore from january 2010 to june 2012, working as a consultant and helping to implement the Braskem office in Singapore“.
A Braskem é uma empresa que tem, entre os principais acionistas … A PETROBRAS, COM 47% E A ODEBRECHT, COM 50%.
A saída de Luz, também casualmente, coincide com a queda de Paulo Roberto Costa.
Não se faz aqui, como se viu, nenhuma acusação a Venina, porque seria um absurdo acusar, como ela faz, alguém de irregularidades e cumplicidades sem ter provas cabais disto.
Mas não é possível afastá-la de todo deste caso. Ela estava dentro dos esquemas de Paulo Roberto ou, pelo menos, aceitou-os.
O Brasil está mesmo virando uma fábrica de “santinhos”

A HEROÍNA DO FANTÁSTICO E A VENINA DO LINKEDIN… DUAS VIDAS DIFERENTES?

Depois de aceitar que Paulo Roberto Costa passou ao menos três anos roubando “enojado” e “enojado” continuava recebendo parcelas de propinas por contratos mesmo depois de ter sido afastado da empresa, agora temos a história mais que capciosa de D. Venina Fonseca, a quem não posso, por desconhecimento, acusar de nada – a Petrobras não abriu os detalhes dos processos interno que correm contra ela, embora ela tenha ido ao Fantástico acusar a presidente da empresa de cúmplice de todos os malfeitos da empresa.



De fato, Venina foi para Cingapura, como “Chief Executive Officer, PM Bio Trading Pte Ltd”, uma joint-venture entre a Petrobras, a Mitsui e a empreiteira Camargo Correia, empresa subordinada a… PAULO ROBERTO COSTA, o diretor de Abastecimento, o enojado …


Nada de ficar “encostada”, portanto. E muito menos de viver trancada, numa situação de quase “escrava branca”, algo que justificasse a melodramática declaração ao Fantástico de que ” me afastar(am) do meu país, das empresas que eu tanto gostava, dos meus colegas de trabalho. Eu fui para Cingapura, eu não vi minha mãe adoecendo. Minha mãe ficou cega, transplante de coração, eu não pude acompanhar minha mãe. Meu marido não pôde mais trabalhar, ele teve que retornar.”


AÉCIO VIRA PIADA ATÉ NA FOLHA “ELE FAZ OFENSA AO ELEITOR.O PT JÁ TEM LARGA VANTAGEM PARA 2018″

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A tentativa patética do PSDB de tentar impedir a diplomação de Dilma Rousseff e o seu pedido, insano, de exigir que o TSE diplomasse Aécio Neves como presidente da república, causaram estupefação até mesmo na mídia pró-tucana.
Seria bom acrescentar que a tradição do tapetão, por parte do PSDB, vem de longe: afinal, o que foi a articulação para aprovar a emenda da reeleição, no primeiro governo FHC, senão um tapetão muito bem estruturado? Aprovar reeleição para si mesmo, sem fazer plebiscito, sem mudar constituinte, é golpe. Comprando votos ou não.
Confira o artigo de Bernardo Mello Franco.
O PSDB pediu à Justiça Eleitoral que anule os votos de Dilma Rousseff e entregue a faixa de presidente ao candidato derrotado Aécio Neves. A ação tem 54 páginas e um início espantoso. Afirma que a petista teve uma “pífia vitória nas urnas” e que sua legitimidade é “extremamente tênue”, apesar da vantagem de 3,4 milhões de votos. Por dever de ofício, continuei a leitura.
O primeiro argumento tucano é que Dilma abusou do poder político ao convocar cadeias de rádio e TV para se promover. É verdade, mas ela já foi condenada e multada por isso.
Os exemplos citados são de março, no Dia da Mulher, e maio, no Dia do Trabalho. A campanha só começou em julho, e depois Marina Silva e o próprio Aécio chegaram a ultrapassar a petista nas pesquisas. Atribuir sua reeleição a dois pronunciamentos no primeiro semestre é uma ofensa ao eleitor, que já foi punido com a overdose de exposição dos três candidatos na propaganda obrigatória.
Algumas páginas adiante, o PSDB afirma que sindicatos apoiaram a candidata do PT. É uma acusação tão ociosa quanto dizer que bancos cerraram fileiras com o tucano.
Como provas, o texto enumera outdoors espalhados por professores mineiros em endereços como a rua 33, em Ituiutaba, e a avenida Pau Furado, em Uberlândia. Se Aécio pensa ter encontrado aí a razão do fracasso em seu próprio Estado, o PT já pode gelar o champanhe para 2018.
A ação ainda enfileira irrelevâncias como a publicação de notícias simpáticas à presidente em um site oficial e o transporte gratuito de eleitores para um comício em Petrolina.
Por fim, o PSDB cita Paulo Roberto Costa, o ex-diretor da Petrobras, para sustentar que Dilma foi bancada por empreiteiras corruptas. Muitas também financiaram Aécio, mas isso é o de menos. Se as denúncias forem confirmadas ao fim do processo, a oposição poderá até defender o impeachment da presidente. Tentar impedir sua posse agora, no tapetão, parece apenas choro de perdedor.

domingo, dezembro 21, 2014

O que esconde o bombardeio da Petrobras pela imprensa suja e golpista?



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Os dedos sujos de óleoLuciano Martins Costa, via Observatório da ImprensaOs jornais fazem um retrato tenebroso da situação em que se encontra a Petrobras, um mês depois de revelada a extensão das negociatas que envolveram políticos, dirigentes da estatal e grandes empreiteiras que fazem parte de sua constelação de negócios. Os números são tão grandiosos que o leitor é incapaz de imaginar o volume de dinheiro desviado em negócios superfaturados.O resultado é que, quanto mais atenção coloca no noticiário, menos capaz fica o cidadão de abranger todo o contexto. Na terça-feira, dia 16/12, porém, surge uma ponta da meada que permite entender a lógica da imprensa: com seu valor reduzido seguidamente por conta do escândalo, sob ameaça de ações judiciais nos Estados Unidos e no Brasil, e ainda sob risco de ver seus principais fornecedores serem condenados e proscritos, analistas começam a afirmar que a estatal estaria impossibilitada de seguir explorando a reserva de pré-sal (veraqui e aqui).Como se sabe, os 149 mil km2 da província do pré-sal apresentam uma taxa de produtividade muito acima da média mundial e já são a fonte de quase 30% de todo o óleo extraído pela empresa. Feita a projeção de crescimento dos atuais 550 mil barris por dia em 25 poços produtores, daqui a três anos, com quase 40 poços ativos, o pré-sal deverá suprir 52% da oferta de petróleo no Brasil.Num cenário em que o preço internacional do óleo cai abruptamente, cresce o valor estratégico da empresa brasileira justamente pelo fato de estar próxima de dar ao Brasil a oitava maior reserva do mundo, com 50 milhões de barris ou mais, qualificando o país como protagonista no setor.Qual era a vantagem estratégica da Petrobras em relação às demais gigantes do setor? Exatamente o fato de possuir suas principais áreas de exploração em uma região sem conflitos militares, sem instabilidade política e plenamente conformada às normas e regulações internacionais. Até mesmo os riscos ambientais alardeados na década passada, quando foi anunciada a decisão de explorar as reservas de alta profundidade, foram desmentidos com o tempo.O escândalo envolvendo a empresa a torna vulnerável a ataques de todos os tipos, mas principalmente abre caminho para as forças que têm interesse em alterar o marco regulatório do pré-sal.Interesses poderososHá corrupção nos negócios da Petrobras? Certamente, muito do que tem sido noticiado nos últimos meses acabará sendo comprovado, mas há um aspecto que não vem sendo considerado pela imprensa: a corrupção é parte do processo de gestão do setor petrolífero em todo o mundo e, no caso presente, a estatal brasileira se encontra no papel de vítima. Portanto, há uma distorção no noticiário que esconde muito mais do que o propósito de expor a relação deletéria entre negócios e política.Embora os contratos de partilha do óleo de grande profundidade sejam geridos pela empresa Pré-Sal Petróleo S.A, criada como subsidiária da Petrobras para executar o novo marco regulatório, a operadora do sistema é a Petrobras. Cabe à estatal criada por Getulio Vargas o ônus do processo de depuração que está em curso com as investigações que ocupam diariamente as manchetes dos jornais. Embora a maior parte dos danos seja debitada na aliança que governa o país desde 2003, principalmente ao Partido dos Trabalhadores, é o modelo do negócio que corre risco.É pouco conhecido o fato de que a Petrobras não se tornou uma estatal com o novo marco regulatório: apenas 33% do capital pertencem ao Estado, e 67% estão em mãos privadas. O que mantém o controle da empresa em mãos do Estado é o fato de que este controla metade mais uma do total de ações com direito a voto, o que preserva a Petrobras como sociedade de economia mista.Não é, então, a condição legal da empresa que pode mover interesses poderosos, mas o sistema de exploração do pré-sal: pelo modelo antigo, de concessão, as companhias concessionárias podiam fraudar facilmente os custos de extração, reduzindo a parcela a ser paga tanto em royalties ao Tesouro quanto em barris de petróleo a serem entregues ao sistema de refino e distribuição. O modelo de partilha, criado pelo novo marco regulatório de 2009, mantém sob controle mais rigoroso o usufruto dessa riqueza natural por parte do Brasil.O bombardeio constante e diário de notícias sobre a corrupção esconde outros aspectos desse jogo.

Para desgosto dos reaças, cubanos não fogem da Ilha

Cuba_Passaporte02Em um ano, 185 mil cubanos vão ao exterior. Fracassou a previsão de que viagens internacionais levariam a uma guinada política e econômica.Peter Orsi, via Associated PressEm fevereiro do ano passado, Amália Reigosa Blanco experimentou pela primeira vez a corrida de um avião decolando. Visitou lojas de roupas da capital da moda da Itália e percorreu ruas calçadas de paralelepípedo ecoando uma língua desconhecida. Descobriu como é a neve. E depois voltou para Cuba.
No fim de novembro, 185 mil cubanos tinham partido para o exterior em 258 mil viagens, informou um funcionário da migração no mês passado. Isso representa um aumento de 35% sobre o ano anterior.
“Espero poder sair de novo em férias”, disse a estudante de línguas, de 19 anos, abrindo um largo sorriso ao lembrar sua primeira viagem ao exterior para visitar a família em Milão. “Adoraria conhecer Paris.”
Amália foi uma das primeiras em Cuba a aproveitar as novas normas sobre viagens que esta semana completam um ano. Com elas, o governo eliminou um requisito de visto de saída que durante cinco décadas dificultava a ida ao exterior da maioria dos moradores.
Durante muito tempo, a medida foi justificada como necessária para impedir a evasão de cérebros já que médicos, atletas e outros cidadãos talentosos eram atraídos para fora da ilha socialista com a promessa de riquezas capitalistas.
Um ano depois da nova lei, uma quantidade recorde de cubanos viaja. Alguns não voltaram, mas não há sinais do êxodo em massa que chegou a ser previsto. Dissidentes estão saindo, voltando e melhorando seu perfil internacional – e sua condição financeira. Mas houve pouco impacto em sua capacidade de realizar uma transformação política em casa.
“Estou certo de que houve uma resistência interna à reforma migratória. Sei que, em alguns casos, ministros disseram ‘todos os médicos vão sair’ e posso imaginar algumas pessoas no aparelho ideológico dizendo ‘se deixarmos os dissidentes viajar, isso vai ser terrível’”, disse Carlos Alzugaray, um ex-diplomata e conhecido intelectual cubano. “O que a vida mostrou? Eles fizeram a reforma e não aconteceu nada.”
Cerca de 66 mil cubanos viajaram para os EUA durante o período, uma cifra que aparentemente inclui todos, de turistas a moradores com vistos de imigrantes, de pesquisadores em intercâmbios acadêmicos a cidadãos com dupla cidadania espanhola e cubana que podem entrar nos EUA sem visto.
Ania Roman, de 46 anos, funcionária de uma loja de cosméticos, foi a Miami em março, mas mesmo as ruas limpas e calmas do bairro onde seu irmão vive não foram atrativo suficiente para ela ficar. “Por que não fiquei? Simplesmente porque tenho uma mãe de 68 anos aqui e meus filhos. Não vou deixá-los. Quero viver em Cuba.”
RetornoSomente 40% dos viajantes, ou 26 mil, retornaram à Ilha até agora. Isso significa que 40 mil cubanos continuam no exterior – comparável ao número de imigrantes cubanos para os EUA em 2012.
Não há maneira de conhecer seus planos, mas muitos provavelmente acabarão retornando à Ilha, após encerrar o ano acadêmico, por exemplo, ou aproveitar uma nova provisão da reforma sobre viagens que permite que os cubanos fiquem no exterior por dois anos sem perder seus direitos de residência.
Cubanos que permanecerem nos EUA por pelo menos um ano se qualificam a ter residência neste país e isso significa que pela primeira vez alguns poderão levar vidas “binacionais”.
Ainda há barreiras às viagens, como o preço das passagens aéreas e a dificuldade de obter vistos de países que veem os cubanos como possíveis imigrantes. Mas parece inevitável que a lei acarretará um pequeno aumento da emigração, ao menos enquanto a economia cubana permanecer tão fraca. Outros partirão para escapar do comunismo, embora os emigrantes mais recentes tenderam a sair mais por oportunidades financeiras do que por liberdade política.
Tradução: Celso Paciornik

quinta-feira, dezembro 11, 2014

O irresponsavel senador eleito por São Paulo, José Serra (PSDB), fez ontem uma confissão grave. Ele afirmou para uma plateia de simpatizantes ao PSDB que inseriu Campinas no projeto do trem-bala, para atrasá-lo.

serra

SERRA ZOMBA DO POVO E FALA GARGALHANDO:   SABOTEI OPROJETO DO TREM BALA
Ele disse considerar “hilariante” a proposta do projeto do trem-bala, que ligaria São Paulo, Rio de Janeiro e Campinas. Para o tucano, o projeto é “falido”. Serra fez a alteração quando era governador de São Paulo.
Ele disse ainda que o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, de quem era próximo, concordou com sua análise e ajudou a atrasar o andamento da proposta. “Enfiei Campinas logo que veio o projeto. Para quê? Para complicar, verdade, para ganhar tempo. Peguei o Luciano Coutinho, que é o presidente do BNDES, foi meu colega, um sujeito informado, e falei ‘você não vai entrar nessa loucura de trem bala, né?’. Então eu vou propor que o BNDES faça um estudo e você demora. E ele fez mesmo, demorou para burro, sabe? Para ganhar tempo”, disse Serra.
Questionado pelo Broadcast Político, serviço da Agência Estado de notícias em tempo real, sobre o assunto após o evento, Serra disse que a sua fala ali não era “coisa para levar para jornalista”, mas admitiu que usou estratégias para protelar o projeto do trem-bala, que, segundo ele, demonstrou depois não ter viabilidade econômica.

A assessoria de imprensa do BNDES afirmou que a informação não procede e disse que “a decisão de incluir Campinas no traçado do trem de alta velocidade foi tomada para atender a demandas da própria região e aproveitar o potencial do aeroporto de Viracopos.”

segunda-feira, dezembro 08, 2014

New York Times elogia o Brasil com sua politica de resposta para desigualdade



Foi preciso que um jornalista com visão limpa viesse do exterior, exatamente dos Estados Unidos, para informar aos brasileiros o óbvio ululante.



José Carlos Peliano (*)

Colunista sênior do The New York Times, Joe Nocera, escreveu sobre o Brasil na segunda feira agora, dia 20, apontando a surpresa que lhe despertou a cidade do Rio de Janeiro. Muniu-se de mais informações após sua viagem de volta aos Estados Unidos, reunindo-se com alguns economistas para procurar entender o que se passava com o país em particular onde se apoiavam seus pilares econômicos.

Chamou-lhe a atenção, o que os brasileiros já sabiam, a variedade de boas lojas em bairros como Ipanema e igualmente a quantidade de pobreza nas favelas ao redor. Segundo ele, para os visitantes, saltava aos olhos o número de cidadãos de classe média pelas ruas em meio aos carros por todos os lados e o tráfego congestionado. Por não ser ilusão o que via, passou a acreditar que tudo aquilo era sinal de uma classe média emergente. As pessoas tinham dinheiro para comprar carros.

Foi preciso que um jornalista com visão limpa viesse do exterior, exatamente dos Estados Unidos, país cuja cultura nos é bem conhecida, para informar aos brasileiros o óbvio ululante, salve Nelson Rodrigues, já que os profissionais dos nossos jornalões e televisões de plantão não informam por não saberem ver ou não conseguirem enxergar.

Se tivesse dito só isto já era o suficiente para mostrar que as mídias sociais, baluartes modernos da resistência informativa, veem como ele o país. Mas suas observações foram mais carregadas ainda de tinta ao destacar a queda na desigualdade de renda na última década, os recordes atuais do baixo desemprego e a saída da pobreza de cerca de 40 milhões de pessoas. Por fim, ainda assinalou que, embora o crescimento do produto tenha reduzido, a renda per capita continua a subir.

Já os economistas reunidos com ele relativizaram as conquistas. Disseram que a boa forma da economia brasileira tem voo curto a despeito dos ganhos obtidos.

Estariam faltando ganhos em produtividade para sustentar a volta dos investimentos. O baixo desemprego dos que querem trabalhar seria porque, enquanto a economia cresce pouco e com eficiência contida, o Estado compensa incentivando o consumo com programas sociais. Para eles o país teve mais sorte do que sucesso.

Não é sorte, embora os santos possam ter ajudado! Com a retração dos investimentos, apesar do esforço e incentivo do governo, a estratégia de expansão do consumo foi estabelecida para segurar a economia, mesmo a crescimento baixo, exatamente nesses anos de vacas magras desde o início da crise financeira mundial com a quebra do Lehman Brothers. O Brasil foi um dos poucos países que suportaram o baque, outros entraram em recessão ou mais leves ou mais graves, todos eles fazendo o dever de casa imposto pelas autoridades financeiras mundiais de ajustar e pagar suas dívidas públicas e privadas, desviando os olhos dos impactos sociais. Pois então, enquanto o Brasil cresce devagar, a economia mundial não conseguiu ainda se levantar.

De fato, o viés de consumo da política econômica é opção do governo que deu certo interna e externamente. Aqui, liderado pelos programas sociais somam-se outras medidas complementares, entre elas, correções maiores que a inflação no salário mínimo, aposentadorias e pensões e repasses parciais à gasolina dos aumentos de custos. Lá fora, os economistas com ele reunidos não viram: o próprio governo dos Estados Unidos e a ONU se interessaram pelo Programa Bolsa Família e pretendem implementá-lo para reduzir o desemprego, melhorar a renda familiar e sustentar o consumo. Joe Nocera destaca o papel do programa e compara seu êxito com a recusa do Congresso americano em melhorar o seguro desemprego e outros programas sociais naquele país.

Do lado do investimento, os economistas se esqueceram de mencionar que há muitas fichas apostadas na expansão e modernização da infraestrutura e na exploração do pré-sal não só pelos efeitos produtivos diretos, mas também pelos efeitos indiretos. Um forte incentivo e impulso do complexo industrial são esperados, o que tem tudo para promover a volta de novos projetos e a expansão de muitas plantas industriais existentes. Seguras e concretas alternativas brasileiras mesmo diante da crise mundial que arrasta as economias dos países.

Ao contrário do Brasil, o jornalista afirma que a produtividade americana voltou a crescer, mas apesar disso o desemprego não desce dos 7% e a classe média aos poucos perde posição social (em parte por conta de não serem distribuídos melhor os ganhos de produtividade). Diz taxativamente que a desigualdade de renda é um fato na vida dos Estados Unidos e ninguém tem sido capaz de fazer alguma coisa a respeito. Será que no fundo querem seguir a receita desandada do Brasil de esperar o bolo crescer para distribuir algumas migalhas?

O objetivo do governo atual e dos dois anteriores no Brasil foi exatamente garantir o desenvolvimento com a melhoria das condições de vida da população, em especial dos mais pobres; os Estados Unidos querem o desenvolvimento a qualquer custo. Infelizmente só o jornalista americano consegue entender isto, parabéns!, os nossos da grande mídia não.

domingo, dezembro 07, 2014

LIÇÃO DE VIDA

Um jovem foi se candidatar a um alto cargo em uma grande empresa . Passou na entrevista inicial e estava indo ao encontro do diretor para a entrevista final. O diretor viu seu CV, era excelente. E perguntou-lhe:
- Você recebeu alguma bolsa na escola? - o jovem respondeu - Não.
- Foi o seu pai que pagou pela sua educação?
- Sim - respondeu ele.
- Onde é que seu pai trabalha?
- Meu pai faz trabalhos de serralheria.

O diretor pediu ao jovem para mostrar suas mãos.
O jovem mostrou um par de mãos suaves e perfeitas.

- Você já ajudou seu pai no seu trabalho?
- Nunca, meus pais sempre quiseram que eu estudasse e lesse mais livros. Além disso, ele pode fazer essas tarefas melhor do que eu.

O Diretor lhe disse:
- Eu tenho um pedido: quando você for para casa hoje, vá e lave as mãos de seu pai. E venha me ver amanhã de manhã.

O jovem sentiu que a sua chance de conseguir o trabalho era alta!

Quando voltou para casa, ele pediu a seu pai para deixá-lo lavar suas mãos.
Seu pai se sentiu estranho, feliz, mas com uma mistura de sentimentos e mostrou as mãos para o filho. O rapaz lavou as mãos de seu pai lentamente. Foi a primeira vez que ele percebeu que as mãos de seu pai estavam enrugadas e tinham muitas cicatrizes. Algumas contusões eram tão dolorosas que sua pele se arrepiou quando ele a tocou.
Esta foi a primeira vez que o rapaz se deu conta do significado deste par de mãos trabalhando todos os dias para pagar seus estudos. As contusões nas mãos eram o preço que seu pai teve que pagar por sua educação, suas atividades escolares e seu futuro.
Depois de limpar as mãos de seu pai, o jovem ficou em silêncio organizando e limpando a oficina do pai. Naquela noite, pai e filho conversaram por um longo tempo.

Na manhã seguinte, o jovem foi encontra-se com o Diretor.
O diretor percebeu as lágrimas nos olhos do moço quando ele perguntou:
- Você pode me dizer o que você fez e aprendeu ontem em sua casa?
O rapaz respondeu:
- Lavei as mãos de meu pai e também terminei de limpar e organizar sua oficina. Agora eu sei o que é valorizar, reconhecer. Sem meus pais, eu não seria quem eu sou hoje... Por ajudar o meu pai agora eu percebo o quão difícil e duro é para conseguir fazer algo sozinho. Aprendi a apreciar a importância e o valor de ajudar a família.

O diretor disse:
- Isso é o que eu procuro no meu pessoal. Quero contratar uma pessoa que possa apreciar a ajuda dos outros, uma pessoa que conhece os sofrimentos dos outros para fazer as coisas, e que não coloca o dinheiro como seu único objetivo na vida. Você está contratado.

Uma criança que tenha sido protegida e habitualmente dado a ela o que quer, desenvolve uma mentalidade de "Tenho direito" e sempre se coloca em primeiro lugar. Ignora os esforços de seus pais.
Se somos esse tipo de pais protetores, estamos realmente demonstrando amor ou estamos destruindo nossos filhos?
Você pode dar ao seu filho uma casa grande, boa comida, educação de ponta, uma televisão de tela grande... Mas quando você está lavando o chão ou pintando uma parede, por favor, o faça experimentar isso também . Depois de comer, que lave os pratos com seus irmãos e irmãs. Não é porque você não tem dinheiro para contratar alguém que faça isso; é porque você quer amar do jeito certo. Não importa o quão rico você é, você quer entender. Um dia, você vai ter cabelos brancos como a mãe ou o pai deste jovem.

O mais importante é que a criança aprenda a apreciar o esforço e ter a experiência da dificuldade, aprendendo a capacidade de trabalhar com os outros para fazer as coisas.

(Tradução da postagem de Adri Gehlen Korb)

IDEOLOGIZANDO A IDEOLOGIA


Conta uma bela lenda judaica que num passado distante toda a humanidade vivia junta e falava a mesma língua. Tendo dominado as técnicas de construção e descoberto seu próprio poder criativo, os homens decidiram construir uma torre tão alta, que seu topo chegaria até o céu e eles veriam o criador. Irritado com a arrogância humana, deus resolveu confundir a língua dos homens, para que a gigantesca construção não prosperasse. Ao não se entenderem mais, os trabalhadores da obra não puderam coordenar seus esforços e a torre acabou desmoronando, fruto do caos instaurado.

A lenda sobre a Torre de Babel tem muito a nos ensinar, mas as lições não são sobre a vaidade humana, o poder de deus ou a origem dos idiomas modernos e sim sobre algo muito mais concreto: o funcionamento de nossa sociedade.

Assim como na Torre de Babel, a humanidade, mesmo sem saber, realiza uma grande obra coletiva e coordena esforços para isso: os carros produzidos no Brasil são vendidos na Argentina, levados até lá em navios fabricados no Japão, mas que pertencem a armadores gregos, que empregam marinheiros filipinos. Não há no mundo um único bem material que não seja fruto dos trabalhos conjugados de milhares de homens e mulheres.

Também como na lenda, a maioria dos participantes dessa imensa obra chamada sociedade “fala a mesma língua”, ou seja, compartilha certas ideias e valores, tem uma mesma “visão de mundo”. Por compartilharem as mesmas ideias, as pessoas acabam tendo também um comportamento parecido. A esses ideias ou conjunto de ideias que moldam o comportamento humano, chamamos ideologias.

Para que servem as ideologias

O papel das ideologias é garantir o funcionando da sociedade. Ora, o que aconteceria, por exemplo, se os trabalhadores ignorassem as leis sobre a propriedade privada e resolvessem tomar para si as fábricas, bancos e latifúndios? Ou se as mulheres se revoltassem contra o machismo e passassem a reagir violentamente em qualquer situação de opressão? Ou se os homossexuais se organizassem para espancar neonazistas na Av. Paulista? É claro que se isso acontecesse, a ordem burguesa entraria em colapso e a sociedade, tal como a conhecemos, desmoronaria sobre si mesma como uma enorme Torre de Babel.

Para que isso não aconteça, para que a dominação capitalista siga seu curso tranquilamente, é necessário que as pessoas aceitem passivamente as condições de exploração e opressão a que são submetidas. Como conseguir isso sem recorrer todo o tempo à violência? Através das ideologias.

Cria-se, assim, a ideologia de que a propriedade privada é sagrada e de que os grandes empresários, banqueiros e usineiros são heróis nacionais; de que as mulheres são propriedade de seus maridos e devem a eles respeito e obediência; de que a homossexualidade é uma doença e por isso, se os homossexuais apanham na rua, é porque algo de errado fizeram.

Assim, aos poucos, com inúmeras pequenas ideias, aparentemente sem conexão entre si, se forma na cabeça dos trabalhadores uma “visão de mundo” que já não corresponde aos seus interesses, mas sim aos interesses dos capitalistas. As ideias que justificam a dominação burguesa tornam-se predominantes em toda a sociedade. Elas são reproduzidas exaustivamente na TV, nas escolas, nas páginas dos jornais, na família, no trabalho, entre colegas. Os trabalhadores, pelo simples fato de viverem em sociedade, absorvem essas ideologias e agem de acordo com elas, mesmo sem perceber. Quando uma ideologia é aceita por todos, ela se torna uma espécie de “linguagem comum”, que todos reconhecem, entendem e reproduzem no seu cotidiano.

Como resultado, explorados e oprimidos passam a fazer uma coisa aparentemente absurda, mas que é a regra em nossa sociedade: começam a agir contra si mesmos, contra seus próprios interesses de classe; começam a defender o inimigo e a combater seus aliados; se dividem. Deste modo, os pais culpam os professores pelo baixo rendimento escolar de seus filhos, a população pobre defende um governo de empresários e banqueiros com medo de perder o bolsa-família, os trabalhadores furam a greve porque se convencem de que lutar não resolve nada.

O que as ideologias escondem

Tomemos algumas ideias bastante simples e amplamente disseminadas em nossa sociedade: “O homem é naturalmente egoísta”, “Sempre vai haver ricos e pobres”, “As mulheres foram feitas para o trabalho doméstico”, “Uma pessoa sempre vai querer passar a perna na outra”, “O preconceito já vem desde o nascimento” etc.

Qual o sentido dessas ideias? Ora, é evidente que todas elas apontam em uma mesma direção: aceitar as coisas tal como são. E como nos convencem disso? Afirmando que tudo o que existe é natural e inevitável, que tentar mudar a realidade é ir “contra a natureza”. Assim, para justificar um mundo de injustiça e sofrimento, as ideologias “naturalizam” a realidade social, ou seja, levam as pessoas a acreditar que a desigualdade, a exploração e a opressão são tão naturais quanto a chuva, o vento ou o movimento das marés. As ideologias escondem o grande segredo da dominação burguesa: o fato de que a sociedade é uma construção humana e que portanto não há nada de “natural” nela; que o mundo em que vivemos é o resultado da cooperação dos indivíduos e justamente por isso pode ser mudado por esses mesmos indivíduos.

A propaganda ideológica

Mas como as ideologias se espalham pela sociedade? Como absorvemos e reproduzimos com tanta facilidade ideias tão absurdas? Se existe democracia, como alguém pode controlar o que eu penso? Para responder a essas perguntas, é preciso entender como funciona a propaganda ideológica.

Todos sabemos o que é propaganda. As Casas Bahia fazem propagandas animadas, com pessoas falando alto e rápido, e com ênfase nos preços. A Nike centra sua propaganda no incrível desempenho dos atletas que usam seus artigos. O Itaú faz propaganda dos benefícios que seus clientes podem ter com esse ou aquele investimento. Em todos esses casos, o propósito é claro e evidente: compre, use, aplique seu dinheiro! Não há nenhuma dificuldade em reconhecer que estamos diante de uma peça de propaganda. Se alguém não gostar, pode mudar de canal ou virar a página da revista.

Já a propaganda ideológica é um pouco mais complicada. Como dissemos, o principal objetivo das ideologias é fazer as pessoas agirem contra si mesmas. Por isso a burguesia não pode dizer abertamente: “aceite a exploração”, “aceite a opressão”, como se dissesse “beba Coca-Cola”. Uma tal propaganda revelaria a dominação ideológica e provocaria ainda mais revolta. Por isso a principal característica da propaganda ideológica é que ela é disfarçada, sutil, encoberta, subliminar.

Quando um artigo sobre uma greve de professores começa falando dos alunos que ficaram sem aula, estamos diante de uma peça de propaganda ideológica. O objetivo não é informar ou esclarecer, mas sim mostrar como as greves prejudicam a população.

O jornalista não dirá isso abertamente, mas todo o texto será montado para deixar provocar no leitor essa sensação. Quando depois do assassinato de Bin Laden pipocam nos programas dominicais reportagens especiais sobre a tropa de elite que matou o líder da Al-Qaeda, estamos diante de propaganda ideológica. Aqui o recado é: os EUA são invencíveis, para eles não há missão impossível, não ousem desafiá-los! Como se sabe, a melhor forma de plantar uma ideia na cabeça de alguém é fazer a pessoa acreditar que chegou sozinha a essa conclusão.

Assim age a burguesia. Ela não diz “a mulher é um objeto”. Ela apenas mostra comerciais de cerveja que têm a mulher como objeto. Quem chega à conclusão de que a mulher é um objeto é o telespectador. Ela não escreve nos jornais “é preciso derrubar a mata ao redor dos rios”. Ela apenas mostra o quanto o agronegócio, que derruba a mata ao redor dos rios, é o “motor de desenvolvimento do país”. Quem chega à conclusão de que a derrubada das matas é um mal necessário é o leitor. Ela não diz “vamos acabar com os direitos trabalhistas”. Ela só diz que nos EUA, o país mais poderoso do planeta, quase não existem direitos trabalhistas. Quem chega à conclusão de que os direitos trabalhistas são um entrave ao desenvolvimento do país é o próprio trabalhador.

Por isso, o fato de uma pessoa ter uma opinião formada sobre um determinado assunto não significa de modo algum que essa ideia seja dela. No sótão com Mayaventa e nove porcento das ideias que temos na cabeça foram plantadas sutilmente pela burguesia através da educação, da imprensa, da família, da TV, do cinema, da igreja etc etc etc. A força das ideologias está justamente no fato de que os explorados defendem e reproduzem as ideias dos exploradores, achando que essas ideias são suas.

Ao serem repetidas incansavelmente por toda a sociedade, as ideologias assumem a aparência de uma “verdade absoluta”. Como assim as mulheres são iguais aos homens? Como assim acabar com a exploração? Como assim socialismo? Quando alguém questiona uma ideologia, parece realmente que está “falando outra língua”. Instintivamente, repelimos esse tipo de pessoa e a separamos de nosso convívio. Ou simplesmente a ignoramos. A Torre de Babel não pode ser abalada.

Ideologia da classe operária

Mas se uma ideologia é uma determinada “visão de mundo”, um conjunto de ideias que serve a certos interesses, poderíamos então dizer que a classe trabalhadora tem uma ideologia? A resposta é categórica: sim!

O socialismo científico, formulado na metade do século 19 pelos filósofos alemães Karl Marx e Friedrich Engels (por isso chamado também de marxismo) é a ideologia da classe operária, a ciência de sua libertação. O socialismo científico é um conjunto de ideias que interpretam corretamente o mundo à nossa volta, que revelam as verdadeiras razões da opressão, da desigualdade e da exploração. No entanto, diferentemente das ideologias burguesas, que penetram na mente dos trabalhadores por milhares de meios invisíveis e imperceptíveis, o marxismo não chega às residências pelas antenas de TV, não é ensinado nas escolas, nem cantado em canções de sucesso. Ele precisa ser buscado, descoberto. E é claro, como toda ciência, o marxismo precisa ser estudado.

O operário consciente que deseje entender a fundo o mundo ao seu redor deve começar por desconfiar de todas as ideias que parecem óbvias e naturais porque a maior parte delas não passa, muito provavelmente, de mentiras bem contadas. Em seguida, deve ter, em relação à sociedade, a mesma curiosidade que tem em relação à máquina nova que acaba de chegar na fábrica: deve querer desvendá-la, destrinchá-la, dominá-la. Tendo dominado o marxismo, esse operário interpretará os fatos da realidade com a mesma facilidade que um eletricista experiente interpreta o esquema elétrico de uma garagem residencial, que tem uma lâmpada, um interruptor e uma tomada.

A verdadeira obra humana

As ideologias burguesas não são uma força invencível. Se a classe dominante tivesse tanta confiança em suas ideias, não haveria homens armados de prontidão nos quarteis e batalhões, aguardando as ordens para bater, dispersar e prender.

Karl Marx, o velho filósofo alemão, disse certa vez que quando uma ideia é absorvida pelas massas organizadas, ela adquire força material, ou seja, vira uma arma real.

Quando a crise econômica, política e social colocar em xeque a dominação burguesa; quando a repressão contra os trabalhadores, ao invés de inibi-los, gerar ações ainda mais radicalizadas, a ideia do socialismo penetrará nas grandes massas e balançará a monstruosa obra do capitalismo. Os trabalhadores, ao invés de falar a língua da burguesia, começarão a falar a sua própria língua e se entenderão. A imensa Torre de Babel, erguida sobre as costas dos pobres e perseguidos, e solidificada com o cimento da mentira, desmoronará sobre as cabeças de seus arquitetos incompetentes. E os trabalhadores, livres do entulho da velha construção, começarão a sua própria obra: uma sociedade sem opressão e exploração, o socialismo no mundo inteiro