quarta-feira, maio 25, 2011

Pesquisa encomendada pela Cetelem revela o crescimento da classe C nos últimos anos, a expectativa do comércio e o otimismo dos brasileiros para os anos vindouros.

A exemplo das placas tectônicas em constante movimento ao longo da esfera terrestre, as massas humanas também se agitam continuamente no interior da sociedade. No Brasil, “mais do que nunca o país do presente” – como querem os mais ufanistas –, cerca de 19 milhões de cidadãos das classes D e E migraram para a classe C em 2010. Com isso, esse segmento passou a ser o maior do País, com 101 milhões de pessoas, ou 53% da população. Em vez de provocar terremotos ou tsunamis, esse segundo movimento resulta em um elenco de oportunidades sem precedentes no mercado de crédito brasileiro e também no mundo dos negócios em geral.
Depois que o Presidente Lula assumiu as ações sociais, tais como bolsa família, bolsa alimentação , prouni e oputros me4canismos de distribuição de renda como ações de governo, ocorreu uma mudança no formato da pirâmide social, agora mais parecida com um losango. As classes D e E concentram 25% da população brasileira (47,9 milhões), enquanto a classe C tornou-se mais ampla que as classes A e B, que têm ambas 21% da população ou 42,19 milhões de pessoas. Ou seja, a ascendente classe C aglutina mais gente do que as outras quatro somadas.
Outro ponto favorável que precisa ser destacado, é o aumento do nível de otimismo do brasileiro para com seu país pros anos vindouros, com um índice de 60%. Espera-se mais consumo (53%), mais crédito (52%) e uma alta do Produto Interno Bruto (PIB) da ordem de 39%. Para ratificar esses índices, entrevistados das classes D e E se dizem “entusiasmados” com o Brasil de hoje. Além disso, mais de 50% dos brasileiros apostam em um crescimento do padrão de vida, situação financeira, capacidade de compras para o lar e dos investimentos neste ano.
O ano de 2010 também foi marcado pelo grande aumento da renda média dos brasileiros de todas as classes e regiões, uma alta mais acentuada nas classes D e E, cuja renda familiar média declarada é de R$ 809,00. Esse valor é 48,44% maior que em 2005, por exemplo, quando se iniciou a pesquisa no País. Enquanto isso, a renda disponível (rendimento total da família menos os gastos) cresceu 45,22% (R$ 200,64) em comparação com o ano de 2009.
Aumento da renda média significa também aumento do poder de compra e dos gastos médios, conforme o levantamento da Ipsos. Entre outros, o brasileiro despendeu em média mais dinheiro com supermercado (R$ 375,00), energia elétrica (R$ 74,00), aluguel (R$ 299,00), remédios (R$ 88,00), vestuário (R$ 198,00), educação (R$ 274,00) e prestações (R$ 184,00). Houve um crescimento nos gastos com seguros, previdência privada, aluguel, vestuário, e convênios médicos.

Internet
Embora tenha-se verificado um decréscimo no valor médio dos investimentos, mais brasileiros fizeram aplicações de dinheiro em vários segmentos em 2010, se comparado ao ano anterior. Para o ano presente (2011), a projeção de 79% dos entrevistados é de economizar mais, enquanto 48% deles afirmam que pretendem gastar mais. Essa intenção de compra reflete-se em todos os itens analisados, com destaque para móveis, decoração, entretenimento (TV, vídeo e HiFi), viagens e lazer.
Nessa intenção de compras, sobressai a presença marcante da Internet utilizada em 2010 por 41% dos brasileiros maiores de 16 anos – mais de 58 milhões de pessoas – a maioria deles para consultar sobre compras, a serem realizadas posteriormente nas lojas. Os produtos mais pesquisados foram aparelhos de TV, vídeos, HiFi, lazer, viagens e itens culturais. As aquisições virtuais, no ano passado, foram feitas por 20% da população, com o conseqüente crescimento dos pagamentos via boleto ou depósitos bancários. Quem optou pelo cartão de crédito buscou o parcelamento do pagamento.
Segundo a pesquisa, apenas 26% dos entrevistados costumam comparar as taxas de juros antes de escolher onde vão fazer suas compras financiadas. Já os integrantes das classes D e E demonstraram maior preocupação com o valor das prestações. Isso revela, a importância de nós ,os formadores de opiniões, em manter o foco na educação financeira da população, ainda mais “em um país onde a classe C é dominante”. Isso implica que temos como missão contribuir para a melhoria do bem-estar das famílias, quando procuramos incentivar as pessoas a realizarem o consumo sustentável e consciente.
Quando se governa com o foco no social tem a possibilidade de favorecer o acesso ao consumo e promoção da ascensão social, aumentando o poder aquisitivo familiar.

Dê adeus ao lixo tóxico saiba o que as chamadas grandes marcas, se quiserem, podem fazer pela sua saúde


Na hora de comprar um celular ou um computador levamos em consideração preço e qualidade. Descobrir que o aparelho está carregado de produtos tóxicos e que a empresa produtora não respeita critérios ambientais de descarte e reciclagem e usa energia suja para produzi-lo mudaria essa compra? A resposta do mercado é, cada vez mais, sim. Enquanto consumidores buscam produtos ecologicamente corretos, grandes marcas se esmeram por um bom lugar em nosso Guia de Eletrônicos Verdes.
Na última década, a vida útil de um computador passou de seis para dois anos, tempo em que ele já está pronto para ser substituído pelo último modelo. O mesmo vale para celular, aparelhos de TV e de jogos eletrônicos. A febre por inovação faz com que, a cada ano, entre 20 e 50 milhões de toneladas de lixo eletrônico parem em aterros ou sejam incineradas, quantidade suficiente para encher caminhões enfileirados em uma volta ao redor da Terra. O lixo eletrônico, em muitos países, já chega a 5% de todo o resíduo sólido urbano rejeitado. Na Europa, esse tipo de descarte cresce três vezes mais rápido do que qualquer outro.
Não é só a quantidade que assusta. Aparelhos eletrônicos são uma mistura de produtos tóxicos e metais pesados, com alto potencial de prejuízo à saúde humana. Um celular pode conter entre 500 e 1.000 componentes, alguns altamente perigosos como chumbo, mercúrio, cádmio e berílio. Os maiores vilões dessa lista são os Retardantes de Chama Brominados (BFR, na sigla em inglês), substância usada para inibir a combustão, e o PVC, componente do plástico. Eles não só poluem o ambiente, como colocam trabalhadores em risco de exposição tóxica durante a produção e o descarte do aparelho.
Segundo dados da Agência Americana de Proteção Ambiental (EPA), mais de três quartos dos computadores vendidos no país acumulam pó em armazéns ou estão empilhados em garagens e armários. Quando não vão para o lixo, eles são revendidos, muitas vezes ilegalmente, para países em desenvolvimento, onde a população tem menor poder aquisitivo para comprar novos. O resultado? Em pouco tempo vão parar nos lixões por lá também. A previsão é que, com isso, esses países tripliquem a produção do chamado “e-lixo” nos próximos cinco anos.
De olho nelas
Publicado trimestralmente desde agosto de 2006, o Guia de Eletrônicos Verdes tem como objetivo pressionar as empresas a produzir eletrônicos mais limpos e duráveis, que possam ser substituídos, reciclados e descartados sem prejuízos à saúde humana e ambiental. Na lista estão dezoito grandes empresas fabricantes de computadores, celulares, TVs e consoles de jogos eletrônicos. Nomes como Nokia, Apple, Motorola e Microsoft estão na mira do Guia, que dá pontos por boas práticas e tira quando as promessas deixam de ser cumpridas.
“Notamos que as marcas gostavam de falar muito sobre suas credenciais verdes e tivemos curiosidade em saber como era de fato a posição de umas perante às outras e às nossas próprias reivindicações”, explica Casey Harrell, coordenador internacional dacampanha de Tóxicos. “Consumidores têm interesse em comprar produtos ambientalmente corretos. Através do Guia, podemos finalmente definir o que isso significa: educar os que compram e promover a concorrência saudável.”
Na edição de 2010, a Nokia permanece na frente, seguida por Sony Ericsson e Toshiba. Apple traz bons resultados ao apresentar produtos totalmente livres de PVC e BFR e Samsung cai drasticamente graças ao não cumprimento de promessas estabelecidas na edição anterior. Grandes como a Microsoft e a Nintendo seguem no mau exemplo, com baixíssima pontuação. Veja aqui a lista completa.
As empresas são avaliadas em três categorias: químicos, energia e lixo. Para cada uma, há cinco quesitos a serem preenchidos. As questões vão desde a aceitação do princípio de Responsabilidade Individual do Produtor, que obriga a empresa a arcar financeiramente com o destino final de tudo aquilo que produz, até a substituição de todo produto químico que for perigoso à saúde por alternativa segura.
Dentro de químicos, acumula pontos a empresa que apoiar a revisão para a Restrição a Substâncias Perigosas (Restriction of Hazardous Substances – RoHS, em inglês), diretiva europeia de 2006 que pretende banir das prateleiras os equipamentos que extrapolem níveis aceitáveis de toxinas. A ONG Greenpeace cobra uma nova versão, mais severa, para essa diretiva. Além disso, é preciso estabelecer prazos para diminuir o uso de substâncias tóxicas e cumpri-los. Quem apresenta produtos totalmente isentos de PVC e BFR ganha pontos duplos.
Na categoria lixo, as empresas precisam fazer bonito em itens como apoio a leis severas de reciclagem em países onde não haja esse procedimento e uso de plástico reciclado sempre que possível em seus produtos. Quando o assunto é energia, quanto maior o uso de renováveis, mais pontos. Apresentar compensações para as emissões de gases do efeito estufa também pontua. Por fim, ganham no ranking as empresas que emprestam seu nome em apoio à redução global de emissões.
“As marcas caminham em melhores direções. Há cinco anos precisávamos brigar para que aceitassem a responsabilidade pelo lixo eletrônico que geravam. Hoje, quase todas já estão engajadas nessa função. Ainda assim, há muito espaço para melhora. As empresas estão mais verdes, mas ainda estão longe de serem verdes. Por enquanto o que podemos concluir é que competição funciona.

Se formos capazes de responder à nossa intuição,
se usarmos o nosso talento e capacidade
de modo despreocupado e isento de tensão,
acabamos contatando a energia do Anjo do Sucesso;
e a ajuda virá e nos capacitará a ter êxito
nos nossos empreendimentos.
O Anjo do Sucesso anima você a mergulhar
na sua determinação pessoal e a tomar
conhecimento da missão da sua vida.
Tenha uma ótima quarta feira.

sábado, maio 21, 2011

Como a radiação pode ameaçar a saúde?

À medida que aumentam as preocupações quanto aos vazamentos de radiação em Fukushima, é possível saber quais serão as sequelas desse desastre?

EXPOSTOS: exposição temporária a níveis de radiação muitas vezes acima dos limites de segurança não é necessariamente perigosa.

A crise na usina nuclear Daiichi despertou preocupações sobre os efeitos para a saúde da exposição à radiação. O que é um nível “perigoso” de radiação? Como a radiação prejudica a saúde? Quais são as consequências de radiação aguda e em baixa dosagem?
“Não estamos nem perto dos níveis que as pessoas deveriam se preocupar”, esclarece Susan M. Langhorst, física e encarregada de segurança de radiação na Washington University, em Saint Louis.

De acordo com Abel Gonzalez, vice-presidente da Comissão Internacional de Proteção Radiológica que estudou o desastre de 1986 em Chernobyl, na melhor das hipóteses as informações atuais vindas do Japão sobre níves de vazamento de radiação são incompletas.


Níveis de radiação:

Em média, as pessoas são expostas a um nível de 2 a 3 millisieverts de radiação por ano, proveniente de uma combinação de radiação cósmica, emissões de materiais de construção e substâncias radiativas naturais no ambiente.

A Comissão Regulatória Nuclear dos Estados Unidos recomenda que o público em geral limite sua exposição a menos de 1 millisievert adicional por ano. Para pacientes submetidos à radiação médica não há limite rígido de exposição – é responsabilidade de profissionais médicos pesar riscos e benefícios da radiação usada em diagnósticos e tratamentos. Por exemplo, uma única sessão de tomografia computadorizada pode expor o paciente a mais de 1 millisievert.

A doença da radiação (ou síndrome aguda de radiação) manifesta-se depois de uma dose de 3 sieverts – 3 mil vezes a dose recomendada para o público em geral por ano. Os primeiros sintomas são: náuseas, vômitos e diarréia. Esses sintomas começam a aparecer num prazo de minutos ou dias, informam os Centros para Controle de Doenças dos Estados Unidos. Um período de enfermidade séria, que inclui perda de apetite, fadiga, febre, problemas gastrintestinais e, possivelmente, convulsões ou coma, pode vir em seguida e durar de horas a meses.

Tipos de radiação:

O que é preocupante na situação atual é a radiação por ionização, produzida por isótopos pesados em decaimento espontâneo, tais como iodo 131 e césio 137. Esse tipo de radiação tem energia suficiente para ionizar átomos (criando carga positiva ao suprimir elétrons), o que lhes dá o potencial químico para reagir de forma deletéria com átomos e moléculas de tecidos vivos.

A radiação por ionização pode ter diferentes formas: nas radiações por raios gama e raios-X, átomos liberam partículas energéticas leves com potência suficiente para penetrar o corpo. As radiações por partículas alfa e beta têm energia mais baixa e podem ser bloqueadas por uma simples folha de papel. Se o material radiativo entra no corpo por ingestão ou inalação, no entanto, são precisamente as radiações alfa e beta com energia mais baixa que tornam-se mais perigosas. Isso porque uma grande porção de radiação por raios gama e X vai passar diretamente através do corpo sem interagir com o tecido, já radiações alfa e beta, incapazes de penetrar tecido, gastarão toda sua energia ao colidir com átomos do corpo e provavelmente causarão maior estrago.

Mais um capitulo da novela do codigo florestal

A novela da mudança do Código Florestal, ao que tudo indica, deverá se arrastar por muitos e longos capítulos antes de chegar ao fim.

Não que o fim pareça promissor, ao contrário.

Estranha novela, pretensamente formada por mocinhos e heróis sem a participação de vilões.

Literatura alguma, nem mesmo uma soap opera, expressão que em inglês denota os odiosos e melodramáticos conteúdos noturnos da TV (telenovelas) se sustentam na ausência de vilões, declarados ou dissimulados.

O relator da reforma do Código, deputado Aldo Rebelo ─ do PC do B-SP, à época do governo dos generais partido que devorava criancinhas ─ deixou o governo irritado na última quinta-feira com sua insistência em voltar atrás em acordos tidos como já resolvidos.

Rebelo ─ revelando a verdadeira face do seu partido e de outros comunistas do passado recente, gente conservadora, moralista e oportunista ─ agora compõe politicamente com ruralistas mais arcaicos que os membros da Sociedade da Terra Plana. O negócio deles é fazer recuar uma legislação que protege minimamente a cobertura florestal no Brasil.

Recentemente a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e Academia Brasileira de Ciência (ABC) preveniram para o revés que pode representar as mudanças propostas no Código Florestal.

As duas instituições, representantes da comunidade científica nacional, dizem que a ciência foi posta de lado na tomada de decisões nesta área.

Mas, sejamos honestos, para que serve a ciência numa sociedade que, segundo Joaquim Nabuco, na melhor das hipóteses e com muito esforço precisaria de séculos para livrar-se dos “entulhos da mentalidade escravista”?

Nada mais legítimo, na avaliação de boa parte da sociedade nacional, que um acerto entre sinhozinhos.

Preservam-se os privilégios e o restante da sociedade... ora bolas o restante da sociedade... Ela é que pague os impostos e permaneça de boca fechada.

A simples redução das matas ciliares (que seguem a margem dos rios) de 30 metros (o que já é um mínimo) para metade disso já é preocupante em muitos sentidos.

Uma delas é o assoreamento desses cursos d’água, com efeito danoso na flora e na fauna.

Mas o Brasil, como disse no início dos anos 70 (e depois disse que não disse) o então ministro do Planejamento dos generais, João Paulo dos Reis Velloso, “tem rios à vontade para serem poluídos”.

A sociedade nacional não se iluda. Desse mato não saem coelhinhos da Páscoa.

segunda-feira, maio 16, 2011

Agressão mata mais os negros

Enquanto homens brancos jovens são vítimas mais frequentes de acidentes de trânsito (35,3%), metade dos da raça negra com idade entre 15 e 29 anos costumam ser mortos em homicídios

Débora Álvares

Marcelo da Fonseca


Brasília – No dia em que a ministra da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Luiza Bairros, apresentou em São Paulo a campanha Igualdade Racial é Pra Valer, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou dados preocupantes no levantamento Dinâmica Demográfica da População Negra Brasileira. Segundo o estudo, apesar de representarem a maior parte dos brasileiros – o último Censo Demográfico apontou que 97 milhões de pessoas se autodeclararam negras, contra 91 milhões, que se disseram brancas – os negros, especialmente os homens, ainda sofrem com desigualdades.

Quase 10% dos homens negros mortos por ano têm idades entre 15 e 29 anos, número que não chega a 4% entre os jovens brancos. Causas externas como agressões (homicídios, espancamentos, etc), acidentes de trânsito, afogamentos, suicídios e quedas ficaram em segundo lugar na lista dos principais motivos de mortes entre a população negra e representam 24,3% do total, ficando atrás apenas das doenças cardiovasculares. Entre os brancos, as causas externas (14,1%) aparecem apenas em terceiro lugar das principais formas de óbitos, atrás de enfermidades do aparelho circulatório (28%) e neoplasias (17,3%).

Ao analisar separadamente as causas externas, os números do Ipea apontaram as agressões como o motivo que mais matou negros no país (48%), seguida por acidente de trânsito (24%). A análise dos óbitos de homens brancos pela mesma causa mostra uma realidade inversa: acidentes de trânsito (35,3%) matam mais que agressões (31%).

Para o secretário Executivo da Secretaria de Promoção à Igualdade Social, Mário Lisboa Theodoro, que participou do lançamento do estudo, a quantidade mais elevada de homicídios entre negros se explica pela maior exposição à violência, derivada do preconceito e da discriminação. “O Brasil ainda vive com racismo. São estatísticas com dimensões de um quase extermínio”. Para o também professor de Serviço Social da Universidade de Brasília (UnB), os números do Ipea revelam o desafio do governo em desenvolver políticas públicas mais eficientes entre os negros. “Se a população negra aumentar e esse tratamento destinado a ela for mantido, teremos ainda maior desigualdade. O estado terá que focar cada vez mais nessas pessoas para evitar um abismo social”, avaliou o pesquisador.

Alberto Júnior José Martins, de 24 anos, integra as estatísticas e ajuda a fortalecer a tese de vulnerabilidade da população negra. O atraso ao voltar para casa depois de buscar a irmã no colégio foi o estopim para as diversas agressões sofridas por ele e pela família. O jovem, que nunca acreditou nas ameaças de morte desferidas pelo pai, embora fosse vítima de agressões verbais e físicas, assim como a mãe e os dois irmãos – uma de 17 anos, outro de 20 –, acabou sendo vítima da fúria que tomava conta do progenitor quando algo o tirava do sério.

A mãe do rapaz, Elízia José Martins, de 49, mesmo dois meses depois da morte do filho ainda não sabe explicar o que pode ter motivado o marido a cumprir o que dizia. “Ele sempre nos ameaçava, mas pensávamos que era só para nos fazer medo, para impor respeito”. O rapaz, atingido com um golpe de faca de cozinha no abdômen, abaixo do umbigo, chegou a caminhar para fora de casa, mas não resistiu aos ferimentos e morreu no colo da irmã, que acompanhou tudo. “Às vezes, fico pensando que poderia ter evitado. Falei com o pai dele por telefone antes e ele já estava muito alterado. Não devia ter deixado meu filho entrar lá sozinho”, desabafou Elízia.

NASCIMENTOS O Censo Demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (Ibge), trouxe uma novidade não vista desde o primeiro levantamento realizado, em 1872: o número de negros ultrapassou o de brancos no país – 97 milhões de pessoas se autodeclararam negras, contra 91 milhões, que se disseram brancas. Para o Ipea, o principal fator para isso é a maior fecundidade entre as mulheres negras, na comparação com as brancas. “Observando a pirâmide etária, notamos que a negras são responsáveis por praticamente todos os nascimentos no país”, destacou a técnica em pesquisas do Ipea, Ana Amélia Camarano, responsável pela pesquisa.

Embora sigam a tendência de diminuição da quantidade de filhos, a taxa de fecundidade total – filhos por mulher ao final da vida reprodutiva – da população negra permanece superior à branca. Enquanto entre as negras esse número fique na média de 2,1 filhos por mulher, entre a brancas é de 1,6. Em 1999, essa média era de 2,7 entre as negras e 2,2, entre as brancas.Além da fecundidade da população negra, a maior porcentagem de negros na população brasileira se deve a uma realidade social, de conscientização para a autoafirmação dos pretos e pardos. “Houve um trabalho muito intenso, desde os anos 70, para que as pessoas se auto assumissem negras e as pessoas, com o tempo, passaram a não ter mais vergonha disso”, ressaltou Ana Amélia.

Números que machucam

Os dados da pesquisa divulgada ontem pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) foram sentidos na pele por duas famílias mineiras. O sofrimento com a perda não aparece nas estatísticas, mas acompanha o dia-a-dia dos parentes próximos, que ainda buscam explicações para a morte dos jovens. Um homicídio que até hoje não foi totalmente explicado e um acidente por causa de imprudência e excesso de velocidade mudaram a vida dos pais de Jeferson e Lucas.

Seu Petríneo Veriano da Silva, de 71 anos, ainda não se esqueceu dos detalhes na cena do crime, quando encontrou o corpo do filho e do neto estendidos na rua. Depois de dois meses da morte de Renilson Veriando da Silva, de 40, e Jefferson Coelho da Silva, de 17, familiares e vizinhos sentem diariamente a falta da dupla. “Não esqueço das pessoas mais próximas tentando acordar meu filho, sem entender o que tinha acontecido. Lembro também das marcas de tiro, duas na barriga do meu Renilson e um bem nas costas do meu neto. São detalhes que ninguém gosta de lembrar, mas não dá para esquecer facilmente não. Estragou a nossa vida de forma brutal”, lamenta seu Petríneo.

Na madrugada de 20 de fevereiro, Jeferson e seu tio, Renilson, voltavam de uma festa quando foram assassinados a tiros por policiais militares, no Aglomerado da Serra, Região Centro-Sul de Belo Horizonte. O caso ganhou repercussão depois de provado que a versão apresentada pelo policiais militares que participaram da ação – de que a dupla foi morta em uma troca de tiros – era inventada. “Vi o Jeferson crescendo e ele nunca se envolveu com qualquer tipo de confusão. O Renilson também era trabalhador e responsável, a morte deles foi uma grande decepção para todos os moradores do bairro. Até hoje, meus filhos, que eram como irmãos, sentem a falta do garoto”, diz Waltecir Barbosa Miranda, vizinho de Jeferson e Renilson.

ACIDENTE Lucas Emanuel, de 16, voltava com a família das férias e se apresentaria na semana seguinte para iniciar a preparação para um torneio internacional, nas categorias de base do América. A expectativa para a viagem internacional pelo clube e o sonho de se tornar jogador de futebol profissional acabaram no fim do ano passado, quando ele morreu em um acidente na BR-040, na altura do município de Nova Lima, sentido Belo Horizonte/Rio de Janeiro.

Lutando para superar a ausência do filho, Luiz Carlos Pereira prefere lembrar das conquistas que Lucas teve na infância e do exemplo como jovem alegre e cheio de sonhos. “Como pai, ainda é muito difícil entender porque tamanha tragédia aconteceu na nossa família. Tudo o que vivemos fica marcado, não é fácil vencer a saudade”, afirma. Luiz lamenta também o grande número de vítimas do trânsito e acredita que uma mudança é possível, mas deve partir dos próprios motoristas. “Hoje, as pessoas têm muita dificuldade para entender até onde vão seus direitos, por isso acabam desrespeitando os outros sem pensar nas consequências. A correria para chegar na hora, o egoísmo de sempre querer levar vantagem em cima do outro podem destruir a vida de famílias inteiras e isso não pode ser recuperado. Acho que ainda teremos muitas perdas com o trânsito, infelizmente”, pondera.

domingo, maio 15, 2011

QUEM É QUEM NO CÓDIGO FLORESTAL

Saiba quem são os principais beneficiados na mudança do Código Florestal Brasileiro,que ira prejudicar os pequenos agricultores,assentados da reforma agrária, indígenas e quilombolas, pescadores artesanais e os moradores das cidades.

No Rio Grande do Sul os defensores da Mudança do Código Florestal são a Senadora Ana Amélia Lemos( PRBSTV/PP-RS), Luis Carlos Heinze, José Alfonso Hamm(PP) e o revisionista Aldo Rebelo (PCdo B/SP).

Veja os partidos que querem a mudança do código florestal,eles não merecem o nosso voto,e para eles vai o atual conselho de São Boaventura (1218-1274): "Se o homem não respeita o mundo,então o mundo se revoltará contra ele."








Porque um grupo de políticos quer mudar o código florestal

Autor(es): Lúcio Vaz - Isto é - 09/05/2011




Levantamento de ISTOÉ mostra que pelo menos 27 deputados e senadores tinham pressa em aprovar a nova lei para se livrarem de multas milionárias e se beneficiarem de desmatamentos irregulares




PARLAMENTARES NA MIRA DO IBAMA




- Deputado Giovanni Queiroz (PDT-PA) - Foi multado por exploração em área de manejo florestal em período de chuvas, vetado por lei;

- Senador Jayme Campos (DEM-MT) - Recebeu multa de R$ 5 milhões, por desmatar em Área de Proteção Permanente (APP);

- Deputado Reinaldo Azambuja (PSDB-MS) - Autuado por alterar curso de rio para captação de água e por contaminar recursos hídricos;

- Deputado Paulo César Quartiero (DEM-RR) - Recebeu multa de R$ 56 milhões por destruir a vegetação nativa em área de 6,2 mil hectares;

- Senador Ivo Cassol (PP-RO) - Acusado de desmatar reserva legal sem autorização e de destruir vegetação nativa em Rondônia;

- Deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) - Relator do projeto que agrada aos ruralistas por abrir brecha para desmatamento.




Apesar do amplo apoio que o governo Dilma Rousseff tem no Congresso, um grupo de parlamentares tentou aprovar a toque de caixa, na semana passada, o projeto do novo Código Florestal brasileiro. Não conseguiu. Na quarta-feira 4, a bancada governista fez prevalecer sua força e a discussão foi adiada para a próxima semana. Por trás da pressa de alguns parlamentares, porém, não existia propriamente o interesse por um Brasil mais verde e sustentável. Reportagem de ISTOÉ apurou que pelo menos 27 deputados e senadores defendiam seu próprio bolso e estavam legislando em causa própria (abaixo, cinco casos exemplares). Todos eles já foram punidos pelo Ibama por agressão ao meio ambiente e o novo código que queriam aprovar a toque de caixa prevê anistia para multas impostas a desmatadores. O benefício se estenderia também a empresas e empresários do agronegócio que, nas eleições do ano passado, fizeram pesadas doações a esse bloco parlamentar ligado à produção rural.




“O adiamento é inevitável. É muito difícil analisar uma coisa que não tem rosto, cara. Essa, na verdade, é uma disputa entre Aldo e o PT ”, comentou o deputado Ricardo Tripoli (PSDB-SP) no início da noite da quarta-feira. Ele se referia ao relatório do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), que começava a ser criticado por ministros de Dilma. O grupo que exigia a imediata aprovação sabia muito bem o que tinha a ganhar ou perder, ao contrário de boa parte do plenário. O deputado Paulo Cesar Quartiero (DEM-RR) é um exemplo típico. Campeão de infrações, ele foi multado em R$ 56 milhões por eliminar 2,7 mil hectares de vegetação sem autorização em Pacaraima (RR), destruir outros 323 hectares de vegetação nativa e impedir a regeneração em mais 3,5 mil hectares. Foram duas infrações em 2005 e mais duas em 2009. Uma de suas fazendas, de cinco mil hectares, chegou a ser proibida de produzir. Quartiero afirma que sofreu perseguição política porque foi um dos líderes dos arrozeiros na região da reserva indígena Raposa Serra do Sol: “O governo fez acusações para provocar a nossa saída da área”, reclama. Ele vendeu o que restou das suas terras e benfeitorias e comprou 11 mil hectares na Ilha de Marajó (PA) para criar gado e plantar arroz.




A alegação de retaliações partidárias é corriqueira entre os infratores. O senador Ivo Cassol (PP-RO) também sofreu multas pesadas entre 2007 e 2009, período em que era governador de Rondônia. Foi acusado de desmatar 160 hectares em reserva legal sem autorização, destruir 352 hectares de floresta nativa e ainda efetuar “corte raso” em 2,5 hectares em Área de Proteção Permanente (APP). Mas fala em caça às bruxas: “Isso foi perseguição do pessoal do PT, pois minhas fazendas têm 50% de preservação. O setor produtivo não pode ser tratado como bandido.” Cassol nega que esteja procurando o amparo da anistia, ao apoiar o texto de Rebelo. “Não quero isenção de multa. Vou ganhar na Justiça.”O senador e fazendeiro Jayme Campos (DEM-MT) é outro que se inclui na turma dos acossados. Foi multado em R$ 5 milhões por quatro infrações impostas em 2004 e 2005, todas já arquivadas. É acusado também de promover desmatamento em APPs às margens de córregos de uma fazenda, a Santa Amália. “Quando cheguei lá tudo já estava assim, tinha sido desmatado em 84, 85 e 86”, diz ele. Campos alega que as multas foram anunciadas depois de declarações que ele fez contra “a truculência” de fiscais.




O Ibama também pegou o deputado Irajá Abreu (DEM-TO), filho da senadora Kátia Abreu (DEM-TO), presidente da Confederação Nacional da Agricultura e uma das principais lideranças dos ruralistas no Congresso. Multado no ano passado por promover desmatamento em uma propriedade que recebeu de herança em Tocantins, ele afirma que a fazenda “já tinha sido aberta” em 1978, enquanto a legislação sobre o tema só foi aprovada em 1989: “Era um ato jurídico perfeito, que se aplicava na época. Por isso, eu agora defendo a consolidação das áreas.” Ele se refere a um dos pontos mais polêmicos do novo Código Florestal: o fim da exigência de recuperação de florestas em áreas já utilizadas para plantio. O relator Aldo Rebelo prevê a manutenção da área como estava em julho de 2008, quando o projeto foi apresentado.




As multas do Ibama não dizem respeito apenas a infrações cometidas no campo. O deputado Ângelo Agnolin (PDT-TO), por exemplo, construiu um quiosque numa área de APP, às margens do lago que banha a capital Palmas. A multa de R$ 5 mil acabou sendo anistiada num termo de acordo, mas ele não escapou do prejuízo com a demolição do bar de 190 metros quadrados. Casado com a vice-prefeita de Palmas, Edna Agnolin, ele afirma que “tudo é uma questão de interpretação”, pois “o lago é artificial”. Já o deputado Marcos Medrado (PDT-BA) foi multado em 2009 por construir um viveiro de peixes de espécies nativas. Medrado explica que comprou no Pará 50 alevinos de pirarucu registrados, mas não conseguiu apresentar a documentação a tempo. Foi multado em R$ 100 mil.




Fora as pendengas pessoais, o bloco ruralista tende a defender seus financiadores de campanha. Empresas ligadas ao agronegócio doaram pelo menos R$ 45,5 milhões para deputados e senadores nas eleições do ano passado. O levantamento foi feito a partir de dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Mais de 300 parlamentares receberam doações do setor, mas um grupo de 176 foi privilegiado com doações acima de R$ 100 mil. Sete grandes empresas que doaram um total de R$ 25 milhões têm infrações e multas impostas pelo Ibama. O estoque de autuações nesta área parece interminável. Na prestação de contas do governo federal feita no ano passado, consta a aplicação de ­R$ 14,6 bilhões em multas entre 2005 e 2009. A maior parte é resultante de desmatamento na Amazônia. No entanto, muito pouco desse montante retornou aos cofres públicos. Nos últimos dez anos, foram arrecadados apenas R$ 278 milhões, segundo dados do Siafi apurados pela ONG Contas Abertas. Caso aprovada, a anistia de Rebelo beneficiará infrações cometidas até julho de 2008.




Embora conheça o poder de fogo dos ruralistas, o governo demorou a reagir ao relatório de Aldo Rebelo. Quando percebeu que havia muito contrabando embutido no texto, a presidente Dilma Rousseff pediu aos ministros do Meio Ambiente, Isabela Teixeira, e da Agricultura, Wagner Rossi, que fossem ao Congresso para tentar um acordo. E fez uma recomendação especial: os dois ministros, apesar de suas diferenças, deveriam expressar uma posição única, que representasse o governo. Assim foi feito. Mas, naquela noite, o governo perceberia outra verdade: as bancadas ruralista e governista estavam misturadas. O PT votaria com o governo, mas as dissidências no PMDB seriam consideráveis.




Na manhã da quarta-feira 4, o presidente da Frente Parlamentar da Agricultura, Moreira Mendes (PPS-RO), acompanhou a bancada estadual de Rondônia até o gabinete de Rebelo, para entregar-lhe uma comenda da Assembleia Legislativa. À vontade entre os ruralistas, Rebelo puxou uma enorme faca de cozinha, com cabo de madeira, e começou a picar o seu fumo em rama. Em seguida, entre baforadas, mostrou que era um aliado. “Acontece um tsunami no Japão e querem culpar o agricultor que planta café, cacau, e cria gado em Rondônia.” Ele vê uma conspiração mundial contra o País: “Querem bloquear as possibilidades de uso do nosso solo, subsolo, recursos hídricos, em benefício do nosso desenvolvimento. Como diz certo autor, ‘não existe lugar para os pobres no banquete da natureza’”, filosofou o comunista Aldo Rebelo.