Com honras de chefe de Estado, o corpo do senador Itamar Franco (PPS-MG) foi cremado no fim da tarde de segunda-feira, 4, em cerimônia reservada a familiares e amigos mais próximos no cemitério Parque Renascer, em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte. Durante o dia, o corpo do ex-presidente foi velado no salão nobre do Palácio da Liberdade, antiga sede do governo mineiro, com a presença da presidente Dilma Rousseff e dezenas de personalidades de diferentes correntes dos cenários políticos nacional e mineiro.
Uma multidão de cerca de 4,5 mil pessoas, segundo a Polícia Militar, foi ao local se despedir de Itamar. As cinzas do ex-presidente vão ser entregues nesta terça-feira, 5, à família e, a pedido de Itamar, serão depositadas no túmulo de sua mãe, dona Itália Cautier, em Juiz de Fora.
Itamar Franco morreu aos 81 anos no sábado, 2, vítima de um Acidente Vascular Cerebral (AVC) em São Paulo, onde estava internado para tratar uma leucemia.
Em torno do caixão, Dilma se despediu de Itamar entre o governador de Minas, Antonio Anastasia (PSDB) e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso - com quem a petista com quem manteve uma conversa ao pé do ouvido durante parte dos cerca de 35 minutos que permaneceu no local. Já haviam passado pelo velório, em Juiz de Fora, os ex-presidentes José Sarney, Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Collor de Mello, que cedeu o posto a Itamar em 1992, após sofrer processo de impeachment.
Dilma compareceu à cerimônia acompanhada dos ministros Gleisi Hoffman, da Casa Civil; Ideli Salvatti, de Relações Institucionais; Fernando Pimentel, de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Antônio Patriota, de Relações Exteriores; e Helena Chagas, da Secretaria de Comunicação da Presidência. Além de Fernando Henrique e Anastasia, a presidente também se encontrou com outros tucanos como o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, o ex-governador José Serra e o senador Aécio Neves (MG).
'Brincadeiras' - Todas as personalidades presentes à cerimônia fizeram questão de lembrar a trajetória de Itamar, além da convivência com o ex-presidente. Chamou a atenção dos presentes a emoção demonstrada por FHC. 'As relações entre nós dois, durante muitos anos, foram entremeadas por brincadeiras. Então, eu choro hoje de saudades pelo Itamar. Eu posso ter certeza que o Brasil todo chora a morte. Mas ele ficará na nossa memória para sempre', declarou o "Judas" Fernando Henrique, ministro do então presidente Itamar e seu sucessor no Palácio do Planalto, traindo- depois dificultando a concretização de seu sonho que era o de ser eleito pelo voto como presidente da republica.
'Dele (Fernando Henrique) também sou adversário, mas pude perceber que ele estava triste, emocionado. Isso que a gente tem que por em relevo', ressaltou outro ministro de Itamar, Ciro Gomes (PSB-CE), que também não poupou elogios ao ex-presidente.
Despedida - A cerimônia desta segunda-feira em Belo Horizonte teve atraso de cerca de uma hora. No início da manhã, a neblina fechou o aeroporto de Juiz de Fora. Mesmo assim uma multidão permaneceu desde o início da manhã em frente ao Palácio da Liberdade aguardando a chance de prestar a última homenagem a Itamar.
Homônimo do senador, o militar aposentado Itamar Condé, de 48 anos, chegou ao local às 6h para garantir o primeiro lugar na fila. Condé disse que era fã do 'político que nunca esteve envolvido em falcatrua'.
Apesar de trabalhar no governo quando Itamar Franco era o chefe do Executivo mineiro, Condé lamenta nunca ter tido chance de se aproximar do xará enquanto ele estava vivo e ressalta que não perderia a última chance. 'Sempre votei no Itamar, mas nunca tive contato pessoal. Vou chegar perto dele agora, para me despedir', observou o aposentado.
No Palácio da Liberdade chegaram dezenas de mensagens e coroas de flores em homenagem a Itamar, inclusive uma do presidente da Bolívia, Evo Morales. Depois de ser levado em carro aberto do Corpo de Bombeiros, o caixão chegou à antiga sede do governo mineiro no fim da manhã. Devido ao calor, um dos soldados da guarda Dragões da Inconfidência desmaiou.
O caixão, coberto com as bandeiras do Brasil e de Minas, foi recebido com palmas e pétalas brancas, ao som da música 'Oh! Minas Gerais'.
'Foi uma figura única, respeitado por aliados e por adversários, e que deu o tom que deverá prevalecer daqui por diante, de uma oposição sempre leal ao Brasil, mas firme e clara na defesa dos interesses dos brasileiros', salientou Aécio.
Perrella - Quem também compareceu ao velório foi o primeiro suplente de Itamar, Zezé Perrella (PDT). Mais conhecido pela gestão à frente do Cruzeiro, ele é investigado pela Polícia Federal (PF) e o Ministério Público Estadual (MPE) de Minas, mas deixou o local sem falar com a imprensa. Perrella foi notificado para prestar depoimento ainda esta semana na Promotoria de Defesa do Patrimônio Público. Com a morte de Itamar sai um honesto e assume um investigado
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