A novela da mudança do Código Florestal, ao que tudo indica, deverá se arrastar por muitos e longos capítulos antes de chegar ao fim.
Não que o fim pareça promissor, ao contrário.
Estranha novela, pretensamente formada por mocinhos e heróis sem a participação de vilões.
Literatura alguma, nem mesmo uma soap opera, expressão que em inglês denota os odiosos e melodramáticos conteúdos noturnos da TV (telenovelas) se sustentam na ausência de vilões, declarados ou dissimulados.
O relator da reforma do Código, deputado Aldo Rebelo ─ do PC do B-SP, à época do governo dos generais partido que devorava criancinhas ─ deixou o governo irritado na última quinta-feira com sua insistência em voltar atrás em acordos tidos como já resolvidos.
Rebelo ─ revelando a verdadeira face do seu partido e de outros comunistas do passado recente, gente conservadora, moralista e oportunista ─ agora compõe politicamente com ruralistas mais arcaicos que os membros da Sociedade da Terra Plana. O negócio deles é fazer recuar uma legislação que protege minimamente a cobertura florestal no Brasil.
Recentemente a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e Academia Brasileira de Ciência (ABC) preveniram para o revés que pode representar as mudanças propostas no Código Florestal.
As duas instituições, representantes da comunidade científica nacional, dizem que a ciência foi posta de lado na tomada de decisões nesta área.
Mas, sejamos honestos, para que serve a ciência numa sociedade que, segundo Joaquim Nabuco, na melhor das hipóteses e com muito esforço precisaria de séculos para livrar-se dos “entulhos da mentalidade escravista”?
Nada mais legítimo, na avaliação de boa parte da sociedade nacional, que um acerto entre sinhozinhos.
Preservam-se os privilégios e o restante da sociedade... ora bolas o restante da sociedade... Ela é que pague os impostos e permaneça de boca fechada.
A simples redução das matas ciliares (que seguem a margem dos rios) de 30 metros (o que já é um mínimo) para metade disso já é preocupante em muitos sentidos.
Uma delas é o assoreamento desses cursos d’água, com efeito danoso na flora e na fauna.
Mas o Brasil, como disse no início dos anos 70 (e depois disse que não disse) o então ministro do Planejamento dos generais, João Paulo dos Reis Velloso, “tem rios à vontade para serem poluídos”.
A sociedade nacional não se iluda. Desse mato não saem coelhinhos da Páscoa.
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