Prof. Paulo Jorge dos Santos.Jorn., Grafólogo,Prof. e Ambientalista, Pós Graduado em Adm.Legisl.P.UNISUL, Membro do Col. Est. e Nac.de meio Ambiente do PT, F. Mineiro de Agenda 21, Membro da Coord.Est.de Comb.ao Racismo do PTMG, Coord. Reg. Met.de Comb.ao Racismo da RMBH do PTMG. Membro dos Comitês de Bacias dos Rios Pará e São Francisco. Palestrante Em Faculdades e Órgãos Públicos Com Ações e Consultorias Em Dir. Humanos Étnicos e Ambientais.
terça-feira, dezembro 23, 2014
A heroína do Fantástico e a Venina do Linkedin… Duas vidas diferentes?
O Brasil está mesmo virando uma fábrica de “santinhos”.
domingo, dezembro 21, 2014
O que esconde o bombardeio da Petrobras pela imprensa suja e golpista?
Os dedos sujos de óleoLuciano Martins Costa, via Observatório da ImprensaOs jornais fazem um retrato tenebroso da situação em que se encontra a Petrobras, um mês depois de revelada a extensão das negociatas que envolveram políticos, dirigentes da estatal e grandes empreiteiras que fazem parte de sua constelação de negócios. Os números são tão grandiosos que o leitor é incapaz de imaginar o volume de dinheiro desviado em negócios superfaturados.O resultado é que, quanto mais atenção coloca no noticiário, menos capaz fica o cidadão de abranger todo o contexto. Na terça-feira, dia 16/12, porém, surge uma ponta da meada que permite entender a lógica da imprensa: com seu valor reduzido seguidamente por conta do escândalo, sob ameaça de ações judiciais nos Estados Unidos e no Brasil, e ainda sob risco de ver seus principais fornecedores serem condenados e proscritos, analistas começam a afirmar que a estatal estaria impossibilitada de seguir explorando a reserva de pré-sal (veraqui e aqui).Como se sabe, os 149 mil km2 da província do pré-sal apresentam uma taxa de produtividade muito acima da média mundial e já são a fonte de quase 30% de todo o óleo extraído pela empresa. Feita a projeção de crescimento dos atuais 550 mil barris por dia em 25 poços produtores, daqui a três anos, com quase 40 poços ativos, o pré-sal deverá suprir 52% da oferta de petróleo no Brasil.Num cenário em que o preço internacional do óleo cai abruptamente, cresce o valor estratégico da empresa brasileira justamente pelo fato de estar próxima de dar ao Brasil a oitava maior reserva do mundo, com 50 milhões de barris ou mais, qualificando o país como protagonista no setor.Qual era a vantagem estratégica da Petrobras em relação às demais gigantes do setor? Exatamente o fato de possuir suas principais áreas de exploração em uma região sem conflitos militares, sem instabilidade política e plenamente conformada às normas e regulações internacionais. Até mesmo os riscos ambientais alardeados na década passada, quando foi anunciada a decisão de explorar as reservas de alta profundidade, foram desmentidos com o tempo.O escândalo envolvendo a empresa a torna vulnerável a ataques de todos os tipos, mas principalmente abre caminho para as forças que têm interesse em alterar o marco regulatório do pré-sal.Interesses poderososHá corrupção nos negócios da Petrobras? Certamente, muito do que tem sido noticiado nos últimos meses acabará sendo comprovado, mas há um aspecto que não vem sendo considerado pela imprensa: a corrupção é parte do processo de gestão do setor petrolífero em todo o mundo e, no caso presente, a estatal brasileira se encontra no papel de vítima. Portanto, há uma distorção no noticiário que esconde muito mais do que o propósito de expor a relação deletéria entre negócios e política.Embora os contratos de partilha do óleo de grande profundidade sejam geridos pela empresa Pré-Sal Petróleo S.A, criada como subsidiária da Petrobras para executar o novo marco regulatório, a operadora do sistema é a Petrobras. Cabe à estatal criada por Getulio Vargas o ônus do processo de depuração que está em curso com as investigações que ocupam diariamente as manchetes dos jornais. Embora a maior parte dos danos seja debitada na aliança que governa o país desde 2003, principalmente ao Partido dos Trabalhadores, é o modelo do negócio que corre risco.É pouco conhecido o fato de que a Petrobras não se tornou uma estatal com o novo marco regulatório: apenas 33% do capital pertencem ao Estado, e 67% estão em mãos privadas. O que mantém o controle da empresa em mãos do Estado é o fato de que este controla metade mais uma do total de ações com direito a voto, o que preserva a Petrobras como sociedade de economia mista.Não é, então, a condição legal da empresa que pode mover interesses poderosos, mas o sistema de exploração do pré-sal: pelo modelo antigo, de concessão, as companhias concessionárias podiam fraudar facilmente os custos de extração, reduzindo a parcela a ser paga tanto em royalties ao Tesouro quanto em barris de petróleo a serem entregues ao sistema de refino e distribuição. O modelo de partilha, criado pelo novo marco regulatório de 2009, mantém sob controle mais rigoroso o usufruto dessa riqueza natural por parte do Brasil.O bombardeio constante e diário de notícias sobre a corrupção esconde outros aspectos desse jogo.
Para desgosto dos reaças, cubanos não fogem da Ilha
Em um ano, 185 mil cubanos vão ao exterior. Fracassou a previsão de que viagens internacionais levariam a uma guinada política e econômica.Peter Orsi, via Associated PressEm fevereiro do ano passado, Amália Reigosa Blanco experimentou pela primeira vez a corrida de um avião decolando. Visitou lojas de roupas da capital da moda da Itália e percorreu ruas calçadas de paralelepípedo ecoando uma língua desconhecida. Descobriu como é a neve. E depois voltou para Cuba.
No fim de novembro, 185 mil cubanos tinham partido para o exterior em 258 mil viagens, informou um funcionário da migração no mês passado. Isso representa um aumento de 35% sobre o ano anterior.
“Espero poder sair de novo em férias”, disse a estudante de línguas, de 19 anos, abrindo um largo sorriso ao lembrar sua primeira viagem ao exterior para visitar a família em Milão. “Adoraria conhecer Paris.”
Amália foi uma das primeiras em Cuba a aproveitar as novas normas sobre viagens que esta semana completam um ano. Com elas, o governo eliminou um requisito de visto de saída que durante cinco décadas dificultava a ida ao exterior da maioria dos moradores.
Durante muito tempo, a medida foi justificada como necessária para impedir a evasão de cérebros já que médicos, atletas e outros cidadãos talentosos eram atraídos para fora da ilha socialista com a promessa de riquezas capitalistas.
Um ano depois da nova lei, uma quantidade recorde de cubanos viaja. Alguns não voltaram, mas não há sinais do êxodo em massa que chegou a ser previsto. Dissidentes estão saindo, voltando e melhorando seu perfil internacional – e sua condição financeira. Mas houve pouco impacto em sua capacidade de realizar uma transformação política em casa.
“Estou certo de que houve uma resistência interna à reforma migratória. Sei que, em alguns casos, ministros disseram ‘todos os médicos vão sair’ e posso imaginar algumas pessoas no aparelho ideológico dizendo ‘se deixarmos os dissidentes viajar, isso vai ser terrível’”, disse Carlos Alzugaray, um ex-diplomata e conhecido intelectual cubano. “O que a vida mostrou? Eles fizeram a reforma e não aconteceu nada.”
Cerca de 66 mil cubanos viajaram para os EUA durante o período, uma cifra que aparentemente inclui todos, de turistas a moradores com vistos de imigrantes, de pesquisadores em intercâmbios acadêmicos a cidadãos com dupla cidadania espanhola e cubana que podem entrar nos EUA sem visto.
Ania Roman, de 46 anos, funcionária de uma loja de cosméticos, foi a Miami em março, mas mesmo as ruas limpas e calmas do bairro onde seu irmão vive não foram atrativo suficiente para ela ficar. “Por que não fiquei? Simplesmente porque tenho uma mãe de 68 anos aqui e meus filhos. Não vou deixá-los. Quero viver em Cuba.”
RetornoSomente 40% dos viajantes, ou 26 mil, retornaram à Ilha até agora. Isso significa que 40 mil cubanos continuam no exterior – comparável ao número de imigrantes cubanos para os EUA em 2012.
Não há maneira de conhecer seus planos, mas muitos provavelmente acabarão retornando à Ilha, após encerrar o ano acadêmico, por exemplo, ou aproveitar uma nova provisão da reforma sobre viagens que permite que os cubanos fiquem no exterior por dois anos sem perder seus direitos de residência.
Cubanos que permanecerem nos EUA por pelo menos um ano se qualificam a ter residência neste país e isso significa que pela primeira vez alguns poderão levar vidas “binacionais”.
Ainda há barreiras às viagens, como o preço das passagens aéreas e a dificuldade de obter vistos de países que veem os cubanos como possíveis imigrantes. Mas parece inevitável que a lei acarretará um pequeno aumento da emigração, ao menos enquanto a economia cubana permanecer tão fraca. Outros partirão para escapar do comunismo, embora os emigrantes mais recentes tenderam a sair mais por oportunidades financeiras do que por liberdade política.
Tradução: Celso Paciornik
quinta-feira, dezembro 11, 2014
segunda-feira, dezembro 08, 2014
New York Times elogia o Brasil com sua politica de resposta para desigualdade
Foi preciso que um jornalista com visão limpa viesse do exterior, exatamente dos Estados Unidos, para informar aos brasileiros o óbvio ululante.
José Carlos Peliano (*)
Colunista sênior do The New York Times, Joe Nocera, escreveu sobre o Brasil na segunda feira agora, dia 20, apontando a surpresa que lhe despertou a cidade do Rio de Janeiro. Muniu-se de mais informações após sua viagem de volta aos Estados Unidos, reunindo-se com alguns economistas para procurar entender o que se passava com o país em particular onde se apoiavam seus pilares econômicos.
Chamou-lhe a atenção, o que os brasileiros já sabiam, a variedade de boas lojas em bairros como Ipanema e igualmente a quantidade de pobreza nas favelas ao redor. Segundo ele, para os visitantes, saltava aos olhos o número de cidadãos de classe média pelas ruas em meio aos carros por todos os lados e o tráfego congestionado. Por não ser ilusão o que via, passou a acreditar que tudo aquilo era sinal de uma classe média emergente. As pessoas tinham dinheiro para comprar carros.
Foi preciso que um jornalista com visão limpa viesse do exterior, exatamente dos Estados Unidos, país cuja cultura nos é bem conhecida, para informar aos brasileiros o óbvio ululante, salve Nelson Rodrigues, já que os profissionais dos nossos jornalões e televisões de plantão não informam por não saberem ver ou não conseguirem enxergar.
Se tivesse dito só isto já era o suficiente para mostrar que as mídias sociais, baluartes modernos da resistência informativa, veem como ele o país. Mas suas observações foram mais carregadas ainda de tinta ao destacar a queda na desigualdade de renda na última década, os recordes atuais do baixo desemprego e a saída da pobreza de cerca de 40 milhões de pessoas. Por fim, ainda assinalou que, embora o crescimento do produto tenha reduzido, a renda per capita continua a subir.
Já os economistas reunidos com ele relativizaram as conquistas. Disseram que a boa forma da economia brasileira tem voo curto a despeito dos ganhos obtidos.
Estariam faltando ganhos em produtividade para sustentar a volta dos investimentos. O baixo desemprego dos que querem trabalhar seria porque, enquanto a economia cresce pouco e com eficiência contida, o Estado compensa incentivando o consumo com programas sociais. Para eles o país teve mais sorte do que sucesso.
Não é sorte, embora os santos possam ter ajudado! Com a retração dos investimentos, apesar do esforço e incentivo do governo, a estratégia de expansão do consumo foi estabelecida para segurar a economia, mesmo a crescimento baixo, exatamente nesses anos de vacas magras desde o início da crise financeira mundial com a quebra do Lehman Brothers. O Brasil foi um dos poucos países que suportaram o baque, outros entraram em recessão ou mais leves ou mais graves, todos eles fazendo o dever de casa imposto pelas autoridades financeiras mundiais de ajustar e pagar suas dívidas públicas e privadas, desviando os olhos dos impactos sociais. Pois então, enquanto o Brasil cresce devagar, a economia mundial não conseguiu ainda se levantar.
De fato, o viés de consumo da política econômica é opção do governo que deu certo interna e externamente. Aqui, liderado pelos programas sociais somam-se outras medidas complementares, entre elas, correções maiores que a inflação no salário mínimo, aposentadorias e pensões e repasses parciais à gasolina dos aumentos de custos. Lá fora, os economistas com ele reunidos não viram: o próprio governo dos Estados Unidos e a ONU se interessaram pelo Programa Bolsa Família e pretendem implementá-lo para reduzir o desemprego, melhorar a renda familiar e sustentar o consumo. Joe Nocera destaca o papel do programa e compara seu êxito com a recusa do Congresso americano em melhorar o seguro desemprego e outros programas sociais naquele país.
Do lado do investimento, os economistas se esqueceram de mencionar que há muitas fichas apostadas na expansão e modernização da infraestrutura e na exploração do pré-sal não só pelos efeitos produtivos diretos, mas também pelos efeitos indiretos. Um forte incentivo e impulso do complexo industrial são esperados, o que tem tudo para promover a volta de novos projetos e a expansão de muitas plantas industriais existentes. Seguras e concretas alternativas brasileiras mesmo diante da crise mundial que arrasta as economias dos países.
Ao contrário do Brasil, o jornalista afirma que a produtividade americana voltou a crescer, mas apesar disso o desemprego não desce dos 7% e a classe média aos poucos perde posição social (em parte por conta de não serem distribuídos melhor os ganhos de produtividade). Diz taxativamente que a desigualdade de renda é um fato na vida dos Estados Unidos e ninguém tem sido capaz de fazer alguma coisa a respeito. Será que no fundo querem seguir a receita desandada do Brasil de esperar o bolo crescer para distribuir algumas migalhas?
O objetivo do governo atual e dos dois anteriores no Brasil foi exatamente garantir o desenvolvimento com a melhoria das condições de vida da população, em especial dos mais pobres; os Estados Unidos querem o desenvolvimento a qualquer custo. Infelizmente só o jornalista americano consegue entender isto, parabéns!, os nossos da grande mídia não.
domingo, dezembro 07, 2014
LIÇÃO DE VIDA
Um jovem foi se candidatar a um alto cargo em uma grande empresa .
Passou na entrevista inicial e estava indo ao encontro do diretor para a entrevista final. O diretor viu seu CV, era excelente. E perguntou-lhe:
- Você recebeu alguma bolsa na escola? - o jovem respondeu - Não.
- Foi o seu pai que pagou pela sua educação?
- Sim - respondeu ele.
- Onde é que seu pai trabalha?
- Meu pai faz trabalhos de serralheria.
O diretor pediu ao jovem para mostrar suas mãos.
O jovem mostrou um par de mãos suaves e perfeitas.
- Você já ajudou seu pai no seu trabalho?
- Nunca, meus pais sempre quiseram que eu estudasse e lesse mais
livros. Além disso, ele pode fazer essas tarefas melhor do que eu.
O Diretor lhe disse:
- Eu tenho um pedido: quando você for para casa hoje, vá e lave as mãos de seu pai. E venha me ver amanhã de manhã.
O jovem sentiu que a sua chance de conseguir o trabalho era alta!
Quando voltou para casa, ele pediu a seu pai para deixá-lo lavar suas mãos.
Seu pai se sentiu estranho, feliz, mas com uma mistura de sentimentos e
mostrou as mãos para o filho. O rapaz lavou as mãos de seu pai
lentamente. Foi a primeira vez que ele percebeu que as mãos de seu pai
estavam enrugadas e tinham muitas cicatrizes. Algumas contusões eram tão
dolorosas que sua pele se arrepiou quando ele a tocou.
Esta foi a
primeira vez que o rapaz se deu conta do significado deste par de mãos
trabalhando todos os dias para pagar seus estudos. As contusões nas mãos
eram o preço que seu pai teve que pagar por sua educação, suas
atividades escolares e seu futuro.
Depois de limpar as mãos de seu
pai, o jovem ficou em silêncio organizando e limpando a oficina do pai.
Naquela noite, pai e filho conversaram por um longo tempo.
Na manhã seguinte, o jovem foi encontra-se com o Diretor.
O diretor percebeu as lágrimas nos olhos do moço quando ele perguntou:
- Você pode me dizer o que você fez e aprendeu ontem em sua casa?
O rapaz respondeu:
- Lavei as mãos de meu pai e também terminei de limpar e organizar sua
oficina. Agora eu sei o que é valorizar, reconhecer. Sem meus pais, eu
não seria quem eu sou hoje... Por ajudar o meu pai agora eu percebo o
quão difícil e duro é para conseguir fazer algo sozinho. Aprendi a
apreciar a importância e o valor de ajudar a família.
O diretor disse:
- Isso é o que eu procuro no meu pessoal. Quero contratar uma pessoa
que possa apreciar a ajuda dos outros, uma pessoa que conhece os
sofrimentos dos outros para fazer as coisas, e que não coloca o dinheiro
como seu único objetivo na vida. Você está contratado.
Uma
criança que tenha sido protegida e habitualmente dado a ela o que quer,
desenvolve uma mentalidade de "Tenho direito" e sempre se coloca em
primeiro lugar. Ignora os esforços de seus pais.
Se somos esse tipo de pais protetores, estamos realmente demonstrando amor ou estamos destruindo nossos filhos?
Você pode dar ao seu filho uma casa grande, boa comida, educação de
ponta, uma televisão de tela grande... Mas quando você está lavando o
chão ou pintando uma parede, por favor, o faça experimentar isso também .
Depois de comer, que lave os pratos com seus irmãos e irmãs. Não é
porque você não tem dinheiro para contratar alguém que faça isso; é
porque você quer amar do jeito certo. Não importa o quão rico você é,
você quer entender. Um dia, você vai ter cabelos brancos como a mãe ou o
pai deste jovem.
O mais importante é que a criança aprenda a apreciar o esforço e ter a experiência da dificuldade, aprendendo a capacidade de trabalhar com os outros para fazer as coisas.
(Tradução da postagem de Adri Gehlen Korb)
IDEOLOGIZANDO A IDEOLOGIA
Conta uma bela lenda judaica que num passado distante toda a humanidade
vivia junta e falava a mesma língua. Tendo dominado as técnicas de
construção e descoberto seu próprio poder criativo, os homens decidiram
construir uma torre tão alta, que seu topo chegaria até o céu e eles
veriam o criador. Irritado com a arrogância humana, deus resolveu
confundir a língua dos homens, para que a
gigantesca construção não prosperasse. Ao não se entenderem mais, os
trabalhadores da obra não puderam coordenar seus esforços e a torre
acabou desmoronando, fruto do caos instaurado.
A lenda sobre a
Torre de Babel tem muito a nos ensinar, mas as lições não são sobre a
vaidade humana, o poder de deus ou a origem dos idiomas modernos e sim
sobre algo muito mais concreto: o funcionamento de nossa sociedade.
Assim como na Torre de Babel, a humanidade, mesmo sem saber, realiza
uma grande obra coletiva e coordena esforços para isso: os carros
produzidos no Brasil são vendidos na Argentina, levados até lá em navios
fabricados no Japão, mas que pertencem a armadores gregos, que empregam
marinheiros filipinos. Não há no mundo um único bem material que não
seja fruto dos trabalhos conjugados de milhares de homens e mulheres.
Também como na lenda, a maioria dos participantes dessa imensa obra
chamada sociedade “fala a mesma língua”, ou seja, compartilha certas
ideias e valores, tem uma mesma “visão de mundo”. Por compartilharem as
mesmas ideias, as pessoas acabam tendo também um comportamento parecido.
A esses ideias ou conjunto de ideias que moldam o comportamento humano,
chamamos ideologias.
Para que servem as ideologias
O papel
das ideologias é garantir o funcionando da sociedade. Ora, o que
aconteceria, por exemplo, se os trabalhadores ignorassem as leis sobre a
propriedade privada e resolvessem tomar para si as fábricas, bancos e
latifúndios? Ou se as mulheres se revoltassem contra o machismo e
passassem a reagir violentamente em qualquer situação de opressão? Ou se
os homossexuais se organizassem para espancar neonazistas na Av.
Paulista? É claro que se isso acontecesse, a ordem burguesa entraria em
colapso e a sociedade, tal como a conhecemos, desmoronaria sobre si
mesma como uma enorme Torre de Babel.
Para que isso não
aconteça, para que a dominação capitalista siga seu curso
tranquilamente, é necessário que as pessoas aceitem passivamente as
condições de exploração e opressão a que são submetidas. Como conseguir
isso sem recorrer todo o tempo à violência? Através das ideologias.
Cria-se, assim, a ideologia de que a propriedade privada é sagrada e de
que os grandes empresários, banqueiros e usineiros são heróis
nacionais; de que as mulheres são propriedade de seus maridos e devem a
eles respeito e obediência; de que a homossexualidade é uma doença e por
isso, se os homossexuais apanham na rua, é porque algo de errado
fizeram.
Assim, aos poucos, com inúmeras pequenas ideias,
aparentemente sem conexão entre si, se forma na cabeça dos trabalhadores
uma “visão de mundo” que já não corresponde aos seus interesses, mas
sim aos interesses dos capitalistas. As ideias que justificam a
dominação burguesa tornam-se predominantes em toda a sociedade. Elas são
reproduzidas exaustivamente na TV, nas escolas, nas páginas dos
jornais, na família, no trabalho, entre colegas. Os trabalhadores, pelo
simples fato de viverem em sociedade, absorvem essas ideologias e agem
de acordo com elas, mesmo sem perceber. Quando uma ideologia é aceita
por todos, ela se torna uma espécie de “linguagem comum”, que todos
reconhecem, entendem e reproduzem no seu cotidiano.
Como
resultado, explorados e oprimidos passam a fazer uma coisa aparentemente
absurda, mas que é a regra em nossa sociedade: começam a agir contra si
mesmos, contra seus próprios interesses de classe; começam a defender o
inimigo e a combater seus aliados; se dividem. Deste modo, os pais
culpam os professores pelo baixo rendimento escolar de seus filhos, a
população pobre defende um governo de empresários e banqueiros com medo
de perder o bolsa-família, os trabalhadores furam a greve porque se
convencem de que lutar não resolve nada.
O que as ideologias escondem
Tomemos algumas ideias bastante simples e amplamente disseminadas em
nossa sociedade: “O homem é naturalmente egoísta”, “Sempre vai haver
ricos e pobres”, “As mulheres foram feitas para o trabalho doméstico”,
“Uma pessoa sempre vai querer passar a perna na outra”, “O preconceito
já vem desde o nascimento” etc.
Qual o sentido dessas ideias?
Ora, é evidente que todas elas apontam em uma mesma direção: aceitar as
coisas tal como são. E como nos convencem disso? Afirmando que tudo o
que existe é natural e inevitável, que tentar mudar a realidade é ir
“contra a natureza”. Assim, para justificar um mundo de injustiça e
sofrimento, as ideologias “naturalizam” a realidade social, ou seja,
levam as pessoas a acreditar que a desigualdade, a exploração e a
opressão são tão naturais quanto a chuva, o vento ou o movimento das
marés. As ideologias escondem o grande segredo da dominação burguesa: o
fato de que a sociedade é uma construção humana e que portanto não há
nada de “natural” nela; que o mundo em que vivemos é o resultado da
cooperação dos indivíduos e justamente por isso pode ser mudado por
esses mesmos indivíduos.
A propaganda ideológica
Mas
como as ideologias se espalham pela sociedade? Como absorvemos e
reproduzimos com tanta facilidade ideias tão absurdas? Se existe
democracia, como alguém pode controlar o que eu penso? Para responder a
essas perguntas, é preciso entender como funciona a propaganda
ideológica.
Todos sabemos o que é propaganda. As Casas Bahia
fazem propagandas animadas, com pessoas falando alto e rápido, e com
ênfase nos preços. A Nike centra sua propaganda no incrível desempenho
dos atletas que usam seus artigos. O Itaú faz propaganda dos benefícios
que seus clientes podem ter com esse ou aquele investimento. Em todos
esses casos, o propósito é claro e evidente: compre, use, aplique seu
dinheiro! Não há nenhuma dificuldade em reconhecer que estamos diante de
uma peça de propaganda. Se alguém não gostar, pode mudar de canal ou
virar a página da revista.
Já a propaganda ideológica é um
pouco mais complicada. Como dissemos, o principal objetivo das
ideologias é fazer as pessoas agirem contra si mesmas. Por isso a
burguesia não pode dizer abertamente: “aceite a exploração”, “aceite a
opressão”, como se dissesse “beba Coca-Cola”. Uma tal propaganda
revelaria a dominação ideológica e provocaria ainda mais revolta. Por
isso a principal característica da propaganda ideológica é que ela é
disfarçada, sutil, encoberta, subliminar.
Quando um artigo
sobre uma greve de professores começa falando dos alunos que ficaram sem
aula, estamos diante de uma peça de propaganda ideológica. O objetivo
não é informar ou esclarecer, mas sim mostrar como as greves prejudicam a
população.
O jornalista não dirá isso abertamente, mas todo o
texto será montado para deixar provocar no leitor essa sensação. Quando
depois do assassinato de Bin Laden pipocam nos programas dominicais
reportagens especiais sobre a tropa de elite que matou o líder da
Al-Qaeda, estamos diante de propaganda ideológica. Aqui o recado é: os
EUA são invencíveis, para eles não há missão impossível, não ousem
desafiá-los! Como se sabe, a melhor forma de plantar uma ideia na cabeça
de alguém é fazer a pessoa acreditar que chegou sozinha a essa
conclusão.
Assim age a burguesia. Ela não diz “a mulher é um
objeto”. Ela apenas mostra comerciais de cerveja que têm a mulher como
objeto. Quem chega à conclusão de que a mulher é um objeto é o
telespectador. Ela não escreve nos jornais “é preciso derrubar a mata ao
redor dos rios”. Ela apenas mostra o quanto o agronegócio, que derruba a
mata ao redor dos rios, é o “motor de desenvolvimento do país”. Quem
chega à conclusão de que a derrubada das matas é um mal necessário é o
leitor. Ela não diz “vamos acabar com os direitos trabalhistas”. Ela só
diz que nos EUA, o país mais poderoso do planeta, quase não existem
direitos trabalhistas. Quem chega à conclusão de que os direitos
trabalhistas são um entrave ao desenvolvimento do país é o próprio
trabalhador.
Por isso, o fato de uma pessoa ter uma opinião
formada sobre um determinado assunto não significa de modo algum que
essa ideia seja dela. No sótão com Mayaventa e nove porcento das ideias
que temos na cabeça foram plantadas sutilmente pela burguesia através da
educação, da imprensa, da família, da TV, do cinema, da igreja etc etc
etc. A força das ideologias está justamente no fato de que os explorados
defendem e reproduzem as ideias dos exploradores, achando que essas
ideias são suas.
Ao serem repetidas incansavelmente por toda a
sociedade, as ideologias assumem a aparência de uma “verdade absoluta”.
Como assim as mulheres são iguais aos homens? Como assim acabar com a
exploração? Como assim socialismo? Quando alguém questiona uma
ideologia, parece realmente que está “falando outra língua”.
Instintivamente, repelimos esse tipo de pessoa e a separamos de nosso
convívio. Ou simplesmente a ignoramos. A Torre de Babel não pode ser
abalada.
Ideologia da classe operária
Mas se uma
ideologia é uma determinada “visão de mundo”, um conjunto de ideias que
serve a certos interesses, poderíamos então dizer que a classe
trabalhadora tem uma ideologia? A resposta é categórica: sim!
O
socialismo científico, formulado na metade do século 19 pelos filósofos
alemães Karl Marx e Friedrich Engels (por isso chamado também de
marxismo) é a ideologia da classe operária, a ciência de sua libertação.
O socialismo científico é um conjunto de ideias que interpretam
corretamente o mundo à nossa volta, que revelam as verdadeiras razões da
opressão, da desigualdade e da exploração. No entanto, diferentemente
das ideologias burguesas, que penetram na mente dos trabalhadores por
milhares de meios invisíveis e imperceptíveis, o marxismo não chega às
residências pelas antenas de TV, não é ensinado nas escolas, nem cantado
em canções de sucesso. Ele precisa ser buscado, descoberto. E é claro,
como toda ciência, o marxismo precisa ser estudado.
O operário
consciente que deseje entender a fundo o mundo ao seu redor deve começar
por desconfiar de todas as ideias que parecem óbvias e naturais porque a
maior parte delas não passa, muito provavelmente, de mentiras bem
contadas. Em seguida, deve ter, em relação à sociedade, a mesma
curiosidade que tem em relação à máquina nova que acaba de chegar na
fábrica: deve querer desvendá-la, destrinchá-la, dominá-la. Tendo
dominado o marxismo, esse operário interpretará os fatos da realidade
com a mesma facilidade que um eletricista experiente interpreta o
esquema elétrico de uma garagem residencial, que tem uma lâmpada, um
interruptor e uma tomada.
A verdadeira obra humana
As
ideologias burguesas não são uma força invencível. Se a classe dominante
tivesse tanta confiança em suas ideias, não haveria homens armados de
prontidão nos quarteis e batalhões, aguardando as ordens para bater,
dispersar e prender.
Karl Marx, o velho filósofo alemão, disse
certa vez que quando uma ideia é absorvida pelas massas organizadas, ela
adquire força material, ou seja, vira uma arma real.
Quando a crise
econômica, política e social colocar em xeque a dominação burguesa;
quando a repressão contra os trabalhadores, ao invés de inibi-los, gerar
ações ainda mais radicalizadas, a ideia do socialismo penetrará nas
grandes massas e balançará a monstruosa obra do capitalismo. Os
trabalhadores, ao invés de falar a língua da burguesia, começarão a
falar a sua própria língua e se entenderão. A imensa Torre de Babel,
erguida sobre as costas dos pobres e perseguidos, e solidificada com o
cimento da mentira, desmoronará sobre as cabeças de seus arquitetos
incompetentes. E os trabalhadores, livres do entulho da velha
construção, começarão a sua própria obra: uma sociedade sem opressão e
exploração, o socialismo no mundo inteiro
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