Li um texto do competente jornalista Mino carta, que
faz uma defesa muito boa da
igualdade de direitos entre os brasileiros , pois ainda em pleno século 21 temos o costume de uma sociedade escravocrata e de barões,
burgueses que adoram ostentar enquanto muita gente passa fome. Cita o sueco Olof Palme Palme, líder do PSD sueco, social-democrata
autêntico, foi primeiro-ministro e crente denodado da igualdade social. Diferente dos nossos social-democratas de araque. Olof dizia “Não quero que os ricos chorem, dizia, quero é que os pobres riam”.
Palme, assassinado por um demente, é um
herói de outro tempo, quando a religião do deus mercado ainda não havia vingado,
dois impérios dividiam a terra e as esquerdas da Europa Ocidental contribuíam
de forma determinante para o progresso dos seus povos. Não existiam oligarquias
financeiras para mandar mais que os governos nacionais e anátemas eram lançados
contra o chamado “capitalismo selvagem”.
UMA COMPARAÇÃO ENTRE O ONTEM E O HOJE
É do conhecimento até do mundo mineral que a crise dos
dias de hoje foi deflagrada pela aplicação dos mandamentos neoliberais, que ela
não poupa o Brasil e que os remédios aviados até agora pelos governos do
ex-Primeiro Mundo, agora falidos, mostram-se incapazes de combater a origem do
mal. Quando não cuidam, abertamente, de proteger quem provocou o desastre, e
mesmo de fortalecer-lhe o poder.
Vivemos o tempo dos super-ricos e dos
superpobres. A diferença entre uns e outros tornou-se voragem infinda, abismo
sem fundo. O Brasil também conta com seus super-ricos, arrolados nas listas
anualmente propostas ao espanto global. Esta privilegiadíssima tigrada dispõe
de fortunas calculáveis em bilhões e não é fácil entender como se deu esta
frenética, desenfreada multiplicação de dinheiro, enquanto bilhões de seres
humanos morrem de fome.
Sem pretender parafrasear Olof Palme,
eu diria que os super-ricos me incomodam muito menos do que os aspirantes a
super-ricos. Medram no Brasil, em diversos patamares da escada social,
burgueses e burguesotes de diversos calibres. Classes A e B1, digamos, sem
excluir de pronto os anseios recônditos de inúmeros remediados. Pergunto: que
ricões, ricos, riquinhos e sonhadores de riqueza são estes?
Algo é certo: não se trata dos
burgueses que fizeram a Revolução Industrial e a Revolução Francesa. Do meu
modesto ponto de vista, anoto que classe média tem um significado no Brasil e
outro em diversos cantos do globo. Claro, existem parâmetros econômicos para
medições precisas, embora pareça dilatada demais a separação entre limites
mínimo e máximo fixados no Brasil para figurar na categoria.
Coube à burguesia acabar com as
monarquias por direito divino e selar de certa forma, e de vez, o fim da
antiguidade medieval. A classe média europeia é uma larga maioria que
incorporou e alargou os horizontes burgueses, em termos de cultura no sentido
mais amplo. Nada disso se aplica ao Brasil, onde a casa-grande e a senzala, ou
se quiserem, os sobrados e os mocambos, continuam de pé, ao sabor de uma
aparente contemporaneidade que não lhes abranda os efeitos.
A ostentação do luxo é típica de uma herança resistente
na ausência de saber e verdadeiro refinamento, dramaticamente compensados por
atitudes toscas e mesmo vulgares. Há exceções, mas não passam disto. Não é por
acaso que o Brasil conta com um exército de mais de 7 milhões de empregados
domésticos. Recorde mundial estabelecido quando há décadas este gênero de
serviçal é cada vez mais raro nos países democraticamente evoluídos. E nem se
fale de manobristas, passeadores de cachorros, babás. E assim por diante.
E que dizer da segurança privada, dos
soturnos senhores de terno escuro e gravata, escalados para a proteção de
patrões em trajes esporte fino, eventualmente de bermudas? Há, mundo afora,
senhores graúdos que não dispensam guarda-costas, capangas, jagunços. Não é
simples distinguir, porém, quem manda de quem obedece, e este não se perfila à
porta de prédios e mansões, de lojas de comércio retumbante ou de restaurantes
hoje habilitados a figurar entre os mais caros do planeta.
Sim, o país do futuro é estranhamente
obsoleto e continua a pagar caro por três séculos e meio de escravidão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário